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Deslocados internos no Haiti vivem em condições cada vez mais perigosas

Homicídios e sequestros aumentaram dramaticamente no Haiti, particularmente na capital, Porto Príncipe
Unicef/U.S. CDC/Roger LeMoyne
Homicídios e sequestros aumentaram dramaticamente no Haiti, particularmente na capital, Porto Príncipe

Deslocados internos no Haiti vivem em condições cada vez mais perigosas

Migrantes e refugiados

Organização Internacional para Migração identifica tendência de desgaste em comunidades anfitriãs e aumento de tensões sociais; deslocados se dirigem para locais improvisados, com maior  risco de violência; quase 5,2 milhões de haitianos passam por necessidades humanitárias.

Quase metade dos deslocados internos na capital do Haiti, Porto Príncipe,  estão vivendo em condições vulneráveis ​​em locais improvisados, depois de deixar acomodações temporárias em comunidades anfitriãs.

Esta tendência foi identificada nos dados mais recentes da Matriz de Rastreamento de Deslocamento, da Organização Internacional para Migração, OIM.

Deterioração do tecido social

A agência destaca os perigos crescentes para os deslocados do Haiti e uma deterioração preocupante do tecido social no país atingido por violência de gangues e desastres.  

Dados anteriores do OIM mostravam que a maioria dos deslocados buscou segurança com amigos e familiares em outras comunidades. 

No entanto, ao acolher pessoas em movimento, esses locais passaram a partilhar seus recursos limitados. À medida em que a crise se prolonga, essa capacidade de auxílio diminui.    

Além disso, a OIM afirma que os altos níveis de insegurança estão criando um clima de desconfiança entre certas comunidades de acolhimento e as populações deslocadas, deteriorando assim a coesão social. 

Crianças no Haiti comem uma refeição fornecida como parte do programa de alimentação escolar do PMA. (arquivo)
PMA/Jonathan Dumont
Crianças no Haiti comem uma refeição fornecida como parte do programa de alimentação escolar do PMA. (arquivo)

Soluções imediatas e de longo prazo

Esta situação está fazendo com que os deslocados se mudem para locais improvisados, onde estão expostas a riscos adicionais, incluindo violência comunitária, violência sexual e de gênero, discriminação e abuso.   

O chefe da OIM no Haiti, Philippe Branchat, disse que “fornecer assistência às famílias anfitriãs e contribuir para sua maior resiliência é crucial, pois são as primeiras a responder à crise”.

Ele acrescentou que com “quase metade da população do país, ou seja 5,2 milhões de pessoas, em necessidade e apenas 25% do Plano de Resposta Humanitária do Haiti financiado, a OIM apela fervorosamente para o aumento da assistência internacional para soluções imediatas e de longo prazo.” 

No curto prazo, a OIM e seus parceiros fornecem abrigo, itens de higiene pessoal, lâmpadas solares, utensílios de cozinha e outros itens essenciais. Além disso, as equipes realizam intervenções de água, saneamento e higiene nos locais onde os deslocados estão vivendo. 

Causas profundas

A organização também atua para auxiliar o governo do Haiti na restauração dos serviços públicos básicos, para restabelecer a confiança entre os cidadãos e nas instituições estatais.  

A violência generalizada é o principal fator de deslocamento de quase 200 mil pessoas no Haiti. 

Além disso, mais de 100 mil haitianos foram devolvidos à força de países vizinhos este ano. Dos migrantes repatriados entrevistados pela OIM, cerca de 22% haviam sido deslocados anteriormente no Haiti. 

Segundo a agência, isso destaca a necessidade de soluções sustentáveis ​​e de longo prazo que leve em conta as causas mais profundas do deslocamento interno.