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Mais de 3 milhões de pessoas sonham em voltar para casa na Ucrânia

Mulher ucraniana com seu cachorro parada em frente a uma casa danificada
Pnud/Oleksandr Ratushniak
Mulher ucraniana com seu cachorro parada em frente a uma casa danificada

Mais de 3 milhões de pessoas sonham em voltar para casa na Ucrânia

Paz e segurança

Maior parte dos deslocados pela guerra tem fortes motivações para retornar; no entanto, dificuldades financeiras limitam planos; menos da metade da população deslocada está empregada atualmente.

O número de deslocados internos na Ucrânia ultrapassa 5 milhões. Para essas pessoas, a necessidade de assistência financeira cresce a cada dia que passa. 

A análise é do último relatório da Organização Internacional para Migrações, OIM, sobre a situação no país arrasado pela guerra.

Uma mulher deslocada de Kramatorsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, seleciona roupas quentes para sua família em seu alojamento temporário em Mukachevo, oeste da Ucrânia.
Acnur/Igor Karpenko
Uma mulher deslocada de Kramatorsk, na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, seleciona roupas quentes para sua família em seu alojamento temporário em Mukachevo, oeste da Ucrânia.

Desejo de voltar para casa

Desses 5 milhões de pessoas deslocadas, cerca de 3,3 milhões pretendem retornar para casa em algum momento. 

As principais motivações para o retorno são o desejo de retomar uma vida normal, saudades do lar e outros motivos sentimentais, seguido pela intenção de se reunir com a família, possuir um imóvel no local de origem, razões econômicas e baixa percepção de segurança no local atual.

A agência também aponta que 4,7 milhões de pessoas já voltaram após o deslocamento. Deste total, mais de 1 milhão retornaram do exterior. Dentre estas, 39% relataram que estavam na Polônia, 9% na Alemanha, 7% na Itália, 6% na República Tcheca e 5% na Bulgária.

Economias esgotadas

A OIM informa que cerca de 80% da população deslocada, ao longo do conflito, considera a assistência financeira como uma necessidade fundamental.

De acordo com o chefe da missão da OIM na Ucrânia, Anh Nguyen, são muitas pessoas deslocadas por um ano ou mais. Com isso, “as economias se esgotaram e as vulnerabilidades se agravaram”. 

Para ele, a falta de recursos é um fator que está “minando a resiliência dos ucranianos afetados pela guerra". Nguyen afirma que em todo o país, “menos da metade dos deslocados estão empregados atualmente”. 

A dificuldade financeira influencia as decisões que as famílias deslocadas tomam sobre seu futuro, dentre se realocar, retornar para casa ou se integrar no novo ambiente.  

Refugiados ucranianos na Alemanha
ONU News
Refugiados ucranianos na Alemanha

Tensão crescente

Por outro lado, a falta de oportunidades de emprego em um local de deslocamento, por exemplo, significa que uma família tem menos probabilidade de se integrar a essa comunidade.

Segundo a OIM, 65% dos deslocados internos vivem em famílias com um nível de renda mensal por membro do domicílio igual ou inferior a U$ 126.

Os dados fornecem evidências a respeito da crescente tensão em comunidades, em toda a Ucrânia, especialmente em relação a diferentes níveis de elegibilidade para assistência social e humanitária.

Esses dados de deslocamento foram coletados pela OIM por meio de uma avaliação da população geral da Ucrânia no final de maio de 2023. O objetivo é direcionar da melhor forma possível a assistência às pessoas afetadas pela guerra.