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Mudança climática coloca 80 milhões de pessoas sob risco de fome, diz Turk

Países em desenvolvimento, como o Iraque, carecem de recursos para investir em recuperação, ação climática e ODS
OMM/Abbas Raad
Países em desenvolvimento, como o Iraque, carecem de recursos para investir em recuperação, ação climática e ODS

Mudança climática coloca 80 milhões de pessoas sob risco de fome, diz Turk

Clima e Meio Ambiente

Chefe de direitos humanos da ONU diz que “nenhum país será poupado”; ele cobrou ação imediata e uso da tecnologia para impedir que vida no planeta se torne “irreconhecível”; secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, pede que setor naval zere as emissões de gases poluentes até 2050.

O alto comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Turk, disse que o direito à alimentação está sendo “amplamente ameaçado pela mudança climática”. 

Na sessão do Conselho de Direitos Humanos, desta segunda-feira, Turk enfatizou que os eventos climáticos extremos, sejam repentinos ou graduais, estão “destruindo plantações, rebanhos, pescas e ecossistemas inteiros.”

Alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, discursa em uma conferência para jovens defensores dos direitos humanos na ONU em Viena
UNIS Vienna
Alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, discursa em uma conferência para jovens defensores dos direitos humanos na ONU em Viena

Um planeta “irreconhecível”

Ele lembrou que mais de 828 milhões de pessoas passaram fome em 2021. E, agora, a crise climática pode colocar 80 milhões de pessoas a mais em risco de fome até a metade deste século. 

Turk conta que, atualmente, os impactos são mais sentidos por pequenos agricultores e pessoas na África Subsaariana, na Ásia e na América Latina. Ele disse que com a aceleração do aquecimento esses impactos irão se espalhar e “nenhum país será poupado.”

O alto comissário fez um apelo para que as crianças não recebam “um futuro de fome e sofrimento”. 

De acordo com ele, a geração atual dispõe das “ferramentas tecnológicas mais poderosas da história” para impedir o aquecimento do planeta em níveis que podem tornar a comida, a água e a vida humana “irreconhecíveis”.

Ponto de virada

O alto comissário pediu que a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP 28, seja o “ponto de virada que o mundo tanto precisa.” Ele também destacou o papel dos tribunais que atuam em litígios climáticos em fazer com que empresas e governos respondam por seus atos.

Em mensagem para outro evento, o secretário-geral da ONU, António Guterres, lembrou que a ciência afirma ainda ser possível limitar o aumento da temperatura global a 1,5C°. 

A seca devastou a terra no sul da Etiópia e é a principal causa de mortes de gado
PMA/Michael Tewelde
A seca devastou a terra no sul da Etiópia e é a principal causa de mortes de gado

Futuro mais seguro

No vídeo exibido na abertura da sessão do Comitê de Proteção do Ambiente Marinho, nesta segunda-feira, Guterres lembrou que a indústria naval é responsável por 3% das emissões globais de gases do efeito estufa. 

Ele pediu que o encontro, em Londres, no Reino Unido, tenha como resultado a aprovação da Estratégia de Gases Poluentes, estabelecendo o compromisso do setor em zerar as emissões no máximo até 2050.

O líder da ONU acredita que o encontro do Comitê é uma chance não apenas de criar um futuro mais próspero para a indústria marítima, mas também “um futuro mais seguro para a humanidade.”

Regulação de produtos químicos

Também começa nesta segunda-feira, em Bangkok, na Tailândia, a reunião do Grupo de Trabalho das Partes Membras do Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio. 

O acordo, assinado em setembro de 1987, e é um marco na cooperação multilateral, pois regula o consumo e a produção de quase 100 produtos químicos. 

O Protocolo eliminou em até 99% a circulação dessas substâncias nocivas para a camada de ozônio. 

O encontro na Tailândia avalia os resultados da implementação do acordo em 2022, reforça medidas de combate ao comércio ilegal dos produtos banidos e discute as necessidades de financiamento para ações a partir de 2024.