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Mudança climática força transformações na agenda de trabalhadores humanitários

Uma criança está do lado de fora do TLC da UNICEF em Basti Shahnawaz Chang GPS Mud Haji Haibton, distrito de Rajanpur, província de Punjab.
© Unicef/Juan Haro
Uma criança está do lado de fora do TLC da UNICEF em Basti Shahnawaz Chang GPS Mud Haji Haibton, distrito de Rajanpur, província de Punjab.

Mudança climática força transformações na agenda de trabalhadores humanitários

Assuntos da ONU

Diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, António Vitorino, diz que informação e dados sobre clima estão sendo, cada vez mais utilizados, para planejar ações de ajuda humanitária em diversas partes do mundo. 

A mudança climática está forçando a comunidade humanitária a inovar e se adaptar na forma como lida com a assistência em todo o globo.

 

Na reunião do Conselho Econômico e Social da ONU, Ecosoc, encerrada nesta sexta-feira, em Genebra, o diretor-geral da Organização Internacional para Migrações, afirmou que a agência segue apoiando autoridades locais e nacionais a fazerem um melhor uso dos dados sobre clima e se preparar para deslocamentos internos e outras emergências. 

 

Eficiência e parceiros 

 

António Vitorino acredita que essas informações facilitarão a forma como os trabalhadores humanitários e os governos coordenam a resposta a eventos climáticos que forçam as pessoas a deixar suas casas. 

As alterações climáticas causam estragos no Sudão, majoritariamente rural.
UNEP/Lisa Murray
As alterações climáticas causam estragos no Sudão, majoritariamente rural.

O debate ocorreu no Segmento Humanitário do Ecosoc, em Genebra, que reúne legisladores e representantes dos países-membros da ONU, além de chefes de agências da organização e parceiros do trabalho humanitário.  

 

A plataforma, conhecida na sigla em inglês como Ecosoc HAS, tem sido o espaço para discussões sobre fortalecimento da eficiência da assistência humanitária desde 1998. 

 

Com o aumento da frequência de desastres naturais repentinos, a resposta nacional e internacional, quando solicitada, tende a ficar prejudicada, principalmente com a chegada tardia de fundos e recursos financeiros. 

 

Seca e ciclones 
 

A OIM lembra que somente em 2018, houve mais de 17,2 milhões de novos deslocados internos associados a desastres naturais em 148 países e territórios. 

Pessoas fogem de suas casas quando o ciclone Freddy atinge a cidade de Blantyre, no Malawi.
© Unicef
Pessoas fogem de suas casas quando o ciclone Freddy atinge a cidade de Blantyre, no Malawi.

Naquele mesmo ano, a seca obrigou 764 mil pessoas na Somália, no Afeganistão e outros países a fugirem de suas casas. Em 2019, o ciclone Idai desalojou 73 mil mulheres, homens e crianças em Moçambique. 

 

Um dos exemplos citados no Segmento Humanitário do Ecosoc foi o da Somália. Apesar de se saber que a onda de deslocados internos pela seca seria grande, a resposta do financiamento foi lenta e não pôde atender, de forma eficiente, às áreas afetadas. 

 

Este ano, eventos paralelos e de alto nível sobre desastres e deslocamentos, relacionados à mudança climática, foram copatrocinados pela União Europeia, agências da ONU e pelas organizações da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.