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Grupo Banco Mundial discute oportunidades de ação climática e crescimento para o Brasil

O novo estudo aborda a destruição da Amazônia, que traria consequências drásticas para diversos setores.
Bruno Batista/VPR/Agência Brasil
O novo estudo aborda a destruição da Amazônia, que traria consequências drásticas para diversos setores.

Grupo Banco Mundial discute oportunidades de ação climática e crescimento para o Brasil

Assuntos da ONU

Novo relatório da entidade mostra que eventos climáticos extremos podem levar até 3 milhões de brasileiros à pobreza nesta década; país precisa investir em desenvolvimento de baixo carbono.

Um novo estudo do Grupo Banco Mundial defende que o Brasil pode se tornar uma potência global de energia limpa e salvar a Amazônia. Para isso, precisa adotar um plano de desenvolvimento que produza mais alimentos usando menos terras e melhore a proteção das florestas.

Investimentos modestos

Ainda de acordo com o Relatório sobre Clima e Desenvolvimento para o Brasil, Ccdr, na sigla em inglês, o país pode expandir a economia e combater as mudanças climáticas com investimentos modestos em agricultura, energia, cidades, sistemas de transporte e combate ao desmatamento. Tais investimentos líquidos seriam de apenas 0,5% do Produto Interno Bruto, PIB, brasileiro por ano até 2050.

Eventos climáticos como inundações e secas podem levar de oitocentos mil a 3 milhões de brasileiros à pobreza extrema até 2030. Por isso, é crucial que o país adote um modelo de desenvolvimento de baixo carbono, que prepare o Brasil para as mudanças do clima.

Eventos climáticos como inundações e secas podem levar de oitocentos mil a 3 milhões de brasileiros à pobreza extrema até 2030.
Fernando Frazão Agencia Brasil
Eventos climáticos como inundações e secas podem levar de oitocentos mil a 3 milhões de brasileiros à pobreza extrema até 2030.

O relatório destaca a posição privilegiada do país em termos de acesso a energias renováveis. Quase metade de toda a energia usada no país já vem de fontes renováveis; no caso da energia elétrica, são mais de 80%. Já as médias mundiais ficam entre 15% e 27%.

Energia solar

Também segundo o estudo, o Brasil tem uma grande vantagem competitiva no crescente mercado global de bens e serviços mais verdes. O setor privado nacional já é competitivo em vários produtos necessários para o abandono dos combustíveis fósseis, inclusive aqueles relacionados a turbinas eólicas e peças para motores e geradores elétricos.

O Brasil poderia entrar nos mercados de produtos de energia solar, expandir a presença para o segmento de hidrogênio verde e lucrar com os grandes depósitos de minerais importantes para a proteção do clima.

O novo estudo ainda fala sobre a destruição da Amazônia, que traria consequências drásticas para a agricultura, o abastecimento de água em áreas urbanas, a prevenção de inundações e a geração de energia hidrelétrica. Segundo os autores, é possível reverter a situação com um plano de desenvolvimento que articule melhor as necessidades da agricultura com a preservação da floresta.

Mais de 80% da energia elétrica usada no Brasil vem de fontes renováveis. Foto: Alan Santos/PR/Agência Brasil
Alan Santos/PR/Agência Brasil
Mais de 80% da energia elétrica usada no Brasil vem de fontes renováveis. Foto: Alan Santos/PR/Agência Brasil

Políticas públicas

Além dessas recomendações de políticas públicas, o relatório propõe: cumprir a promessa de zerar o desmatamento ilegal até 2028, investir em soluções baseadas na natureza para adaptar as cidades aos efeitos das mudanças climáticas e acelerar reformas que aumentem a produtividade da economia.  

Os Relatórios sobre Clima e Desenvolvimento do Grupo Banco Mundial (Ccdrs) constituem uma nova série de importantes diagnósticos feitos em vários países.

O objetivo é ajudá-los a priorizar ações de maior impacto e, ao mesmo tempo, cumprir metas de desenvolvimento mais amplas.