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Em Dia Internacional, ONU promove meninas na ciência e inovação

Meninas do Azerbaijão estudando disciplinas STEM, com o apoio do PNUD
UNDP Azerbaijan
Meninas do Azerbaijão estudando disciplinas STEM, com o apoio do PNUD

Em Dia Internacional, ONU promove meninas na ciência e inovação

Mulheres

Mulheres são minoria em áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática; desenvolvedora brasileira conta à ONU News como estereótipos de gênero são uma barreira para profissionais.

Neste 27 de abril, as Nações Unidas celebram o Dia Internacional das Meninas em Tecnologia de Comunicação e Informação. Este ano, a União Internacional das Telecomunicações, UIT, marca a data com o tema “Habilidades Digitais para a Vida”.

O objetivo é impulsionar meninas e mulheres a prosperarem no setor da inovação, criando oportunidades para que elas ganhem habilidades como usuárias de tecnologia e criadoras no mundo digital.

Em Dia Internacional, ONU promove meninas na ciência e inovação

Falta de representatividade

A ONU News conversou com a desenvolvedora Cynthia Zanoni. Ela é fundadora da WoMakersCode, que incentiva meninas e mulheres a seguirem carreiras nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

Poucas mulheres estão participando do sistema de propriedade intelectual (PI).
© UNICEF/A. Gomes
Poucas mulheres estão participando do sistema de propriedade intelectual (PI).

Após se encantar com a tecnologia, logo no seu primeiro contato com um computador aos 10 anos, ela conta que sofreu ao perceber que o mercado era dominado por homens.

“Eu sempre ouvi que a área de tecnologia, que naquela época era muito chamada de informática, era uma área muito masculina e difícil de conseguir uma oportunidade, pois precisava ter um conhecimento super avançado de inglês, matemática. [...] por muito tempo eu guardava esse sonho só para mim, porque é muito complexo você querer ser algo que você não consegue se enxergar.  Sempre que víamos alguém falando sobre computadores e tantas outras coisas ligadas à tecnologia e inovação, sempre eram referências masculinas.”

Para Cynthia Zanoni, existem muitas possibilidades para que mulheres e meninas possam aprender e contribuir com o setor da tecnologia.

“A partir do momento, que nós incentivamos, cada vez mais, meninas e mulheres a virem para a tecnologia, nós estamos incentivando e motivando a criação de um futuro mais inovador e mais inclusivo, onde todas nós poderemos ser protagonistas”

Ásia e Pacífico

A Comissão Econômica e Social da ONU para a Ásia e o Pacífico, Escap, alerta que, à medida que a tecnologia avança, mulheres e meninas, especialmente em países em desenvolvimento e comunidades vulneráveis, continuam encontrando barreiras para serem incluídas.

A ONU diz que, globalmente, 17% mais homens e meninos têm acesso à internet em comparação com mulheres e meninas.
ITU/R. Farrell
A ONU diz que, globalmente, 17% mais homens e meninos têm acesso à internet em comparação com mulheres e meninas.

Dados analisados pela Comissão, apontam que apesar de serem um terço da força de trabalho nas 20 maiores empresas de tecnologia do mundo, as mulheres ocupam apenas uma em cada quatro posições de liderança.

Na educação, meninas e mulheres representam são apenas um terço dos estudantes de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, globalmente. O estereótipo de gênero perpetua ainda mais a desigualdade nas áreas de concepção e desenvolvimento de novos produtos e serviços digitais.

Acesso digital

No entanto, muitas mulheres também estão assumindo a liderança no aproveitamento da tecnologia para lidar com essas desigualdades e violência de gênero na região.

Na avaliação da Escap, séculos de patriarcado, discriminação e estereótipos nocivos criaram uma enorme divisão digital de gênero.

Na Ásia e no Pacífico, apenas 54% das mulheres têm acesso digital. Mulheres e meninas são menos propensas do que homens e meninos a usar a internet ou possuir um smartphone.

Além disso, a Comissão da ONU alerta que a violência de gênero, tanto offline quanto cada vez mais online atualmente, são barreiras adicionais.