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ONU quer mais envolvimento de jovens na tomada de decisões para o futuro

Jovens compartilham tecnologia móvel projetada para aumentar a conscientização sobre o Ebola.
© UNICEF/Ahmad Jallanzo
Jovens compartilham tecnologia móvel projetada para aumentar a conscientização sobre o Ebola.

ONU quer mais envolvimento de jovens na tomada de decisões para o futuro

ODS

Em relatório, secretário-geral das Nações Unidas avalia que, sem participação da juventude, as políticas públicas seguirão insuficientes; para ele, jovens são ‘força motriz’ para futuro sustentável, porém seguem sem representação adequada.

Um futuro justo, equitativo e sustentável para todos não será possível sem o envolvimento de 1,2 bilhão de jovens do mundo, disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, em documento publicado na quinta-feira.

O relatório pede a expansão e o fortalecimento da participação dos jovens na formulação de políticas públicas e na tomada de decisões em todos os níveis, para cumprir a promessa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.

Força motriz para mudança

O chefe da ONU enfatizou que os jovens são a chave para identificar novas soluções para os avanços que o mundo precisa urgentemente.

Lauriel Kivuyo, jovem ativista do clima da Tanzânia, representando o Parlamento Juvenil da África sobre a Água, discursou em um dos eventos paralelos da Conferência da ONU sobre a Água.
UN News/Assumpta Massoi
Lauriel Kivuyo, jovem ativista do clima da Tanzânia, representando o Parlamento Juvenil da África sobre a Água, discursou em um dos eventos paralelos da Conferência da ONU sobre a Água.

Ele adiciona que a juventude é a força motriz para a mudança social por meio da mobilização social, pressionando pela ação climática, buscando justiça racial, promovendo a igualdade de gênero e exigindo dignidade para todos.

Apesar dos números, o texto do secretário-geral destaca que os jovens permanecem quase invisíveis quando se trata de participar de políticas públicas e tomadas de decisão.

Segundo o documento, mecanismos como parlamentos juvenis têm dificuldades para causar impacto nas decisões tomadas na mesa do gabinete, votações sobre orçamentos, compromissos em um processo de paz ou acordos sobre uma transição justa.

Esfera multilateral

Na avaliação do secretário-geral, isso também acontece na esfera multilateral. Para ele, apesar do surgimento de oportunidades de engajamento, a juventude continua a exercer pouca influência sobre a tomada de decisões sobre o desenvolvimento sustentável, a manutenção da paz e da segurança e dos direitos humanos.

Guterres ainda aponta as lacunas e deficiências existentes e recomenda ações. Ele acredita que a participação de jovens nas decisões permanecerá insuficiente e a capacidade dos governos, instituições públicas e multilaterais – incluindo as Nações Unidas – de entender e responder as preocupações dos jovens permanecerá “severamente prejudicada”.

O secretário-geral enfatizou que o sistema da ONU tem um papel crítico a desempenhar no apoio aos jovens para que estejam adequadamente preparados para decidir em todos os níveis.

Padrão global para envolvimento significativo

O relatório também pede pela criação de um padrão global para o envolvimento significativo da juventude.

Ao longo dos anos, governos, organizações juvenis e entidades da ONU desenvolveram uma série de princípios para garantir a participação da juventude, apontando que deve ser baseada em direitos, com recursos adequados, transparente e acessível, especialmente para pessoas com deficiência.

Outras diretrizes pedem o estabelecimento de um órgão consultivo nacional da juventude em todos os países e a exigência de um envolvimento significativo dos jovens em todos os processos de tomada de decisão da ONU.

Em 24 de março de 2021, em Manantantely, Madagascar, Mija Anjarasoa, de 17 anos, olha pela janela. Ela faz parte do programa “catch-up class” no Soanierana General Education College e aspira ser parteira.
© Unicef/Rindra Ramasomanana
Em 24 de março de 2021, em Manantantely, Madagascar, Mija Anjarasoa, de 17 anos, olha pela janela. Ela faz parte do programa “catch-up class” no Soanierana General Education College e aspira ser parteira.

Jovens na ONU

O relatório também defende a garantia da “integração sistemática da participação significativa dos jovens em todos os mecanismos intergovernamentais da ONU” e a adoção de formas claras para a inserção dos jovens em todo o trabalho da Assembleia Geral.

Ele descreve mais medidas que a ONU deve tomar, incluindo a revisão dos métodos de trabalho do Conselho de Segurança e outros órgãos em relação e a criação de uma primeira Câmara Municipal da Juventude da ONU para garantir uma participação mais representativa.

“Virando o jogo” na ONU

O relatório foi publicado às vésperas da Cúpula do Futuro do próximo ano, onde os países vão avaliar as soluções comuns para um mundo melhor, fortalecendo a governança global para as gerações atuais e futuras.

É o terceiro relatório de uma série baseada em propostas contidas em seu relatório Nossa Agenda Comum, publicado em 2021.

Em sua rede social, a enviada do secretário-geral para a juventude, Jayathma Wickramanayake, descreveu o resumo como uma “virada de jogo” para garantir a participação significativa dos jovens na ONU.

As propostas são baseadas em consultas com os Estados membros da ONU e partes interessadas relevantes, inclusive por meio de pesquisas que consideraram a opinião de mais de 10 milhões de jovens de 194 países.

Em mensagem de vídeo, a enviada afirma que existe um “grande impulso” na frente da juventude na ONU e em outros lugares. Para ela, o documento apresenta uma grande oportunidade para serem tomados passos históricos na abertura de mais espaços para a participação da juventude em todos os níveis.