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Na Ásia, enviado da ONU pede mais investimentos para segurança nas estradas

Tailândia lidera mortes por motocicletas
© UNICEF/Jeoffrey Maitem
Tailândia lidera mortes por motocicletas

Na Ásia, enviado da ONU pede mais investimentos para segurança nas estradas

Assuntos da ONU

Jean Todt chegou às Filipinas, neste 11 de abril, e segue para Malásia para promover implementação efetiva do Plano Global para a Década de Ação por Segurança nas Estradas 2021-2030; Ásia concentra 58% dos 1,3 milhão de mortes no trânsito, todos os anos.

Até 2024, 80 países devem integrar uma iniciativa das Nações Unidas sobre segurança nas estradas. A parceria com a empresa de publicidade, JC Decaux, lançou a campanha #streetsforlife ou estradas pela vida, numa tradução livre.

Na segunda-feira, o enviado especial do secretário-geral da ONU para Segurança nas Estradas, Jean Todt, chegou à Tailândia após uma visita de dois dias a Laos.

Plano Global e Década de Ação

Neste 11 de abril, ele vista as Filipinas, onde fica até dia 14, e termina a visita na Malásia de 17 a 19 para tentar convencer os setores público e privado e organizações não-governamentais a implementar o Plano Global para a Década de Ação sobre o tema, da forma mais eficiente possível.

Enviado especial do secretário-geral, Jean Todt
UN News/Jérôme Longué

Todos os anos, 1,3 milhão de pessoas morrem em acidentes de trânsito no mundo. E na região da Ásia-Pacífico, a maior parte dessas mortes, ou 58%, ocorre na Ásia.

O Objetivo do Plano Global sobre Segurança nas Estradas 2021-2030 é reduzir pela metade o número de perdas de vida nesses acidentes até 2030.

A viagem de Todt ao sudeste asiático deve chamar a atenção para a urgência da prevenção desses acidentes nas estradas que também são a principal causa de invalidez e deficiências das vítimas dos desastres no trânsito.

Tailândia lidera mortes de motociclistas no mundo

Segundo as Nações Unidas, apesar da queda de 12% desde 2016 no número de mortes nas estradas na Ásia-Pacífico, as taxas da região permanecem altas.  E mais deve ser feito para prevenir mortes e ferimentos.

A Organização Mundial da Saúde revela que o sudeste da Ásia concentra o segundo maior índice de mortes e ferimentos de trânsito do mundo com 20,7 para 100 mil habitantes. Só perde para a África que tem 26,6 para cada 100 mil pessoas.

No sudeste asiático, Tailândia e Malásia estão entre os países mais vulneráveis com a taxa de morte de 32,2 e 23,6 para cada 100 mil, respectivamente.

Motociclista no Vietnã
UN Photo/Kibae Park

Um dos casos preocupantes é Laos, onde o número subiu de 35% entre 2010 e 2020 para 67%.

Uma das razões seria o rápido processo de motorização dos países asiáticos, nos últimos anos. Principalmente os veículos de duas a três rodas. Esse modo de transporte causa 40% dos acidentes no sul da Ásia.  A Tailândia tem a taxa mais alta do mundo de mortes em motos. Já na Malásia, seis em cada 10 acidentes de trânsito envolvem motociclistas.

Usar cinto, capacete e não usar celular ajuda a prevenir

O enviado especial da ONU chama a atenção também para equipamentos de segurança como o uso de capacetes. Apenas 10% das crianças transportadas por motocicleta utilizam o acessório, que reduz o risco de morte em 42% e de ferimentos em 69%.

Jean Todt afirma que o sudeste da Ásia está enfrentando uma tragédia nas estradas, mas que o problema tem solução que combinam aplicação de políticas e educação. O enviado especial lembra do que cada um pode fazer ao subir num veículo como usar cinto de segurança, capacete, não conduzir alcoolizado ou sob efeito de qualquer entorpecente, reduzir a velocidade e não usar ou celular para passar mensagens enquanto está ao volante.

Um estudo do Banco Mundial revela que os desastres nas estradas causam um círculo vicioso de pobreza desde os gastos com medicamentos, até a perda da mobilidade, da capacidade produtiva e danos materiais.

Dispositivos móveis são a principal porta de entrada para a internet
Unsplash/Lilly Rum

Essa conta seria de US$ 1,7 trilhão por ano e custaria até 5% do Produto Interno Bruto, PIB, dos países envolvidos.

Somente na Tailândia, caso os acidentes fossem reduzidos em 50% por um período de 24 anos, o país poderia obter uma renda adicional equivalente a 22,2% do PIB nacional.