Chefe da ONU na Ucrânia fala da realidade no país um ano após a invasão
Paz e segurança
Denise Brown descreve o dia a dia dos ucranianos invadidos pela Rússia; ela coordena o trabalho das Nações Unidas e parceiros no terreno; ajuda humanitária tem dificuldades de acesso em áreas fora do controle do governo ucraniano.
Os ucranianos permanecem resilientes desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro de 2022, mas “a ajuda humanitária é tão necessária como sempre”. Foi assim que a chefe das Nações Unidas na Ucrânia, Denise Brown, descreveu a situação no país em guerra há um ano.
Em entrevista à ONU News, ela relata “condições muito difíceis” observadas desde o ano passado, e a necessidade de adaptação a algumas circunstâncias extremas.
Apoio ao povo ucraniano
Denise Brown, que acumula a função de coordenadora humanitária na Ucrânia, lidera a atuação de 20 agências das Nações Unidas com cerca de 2,6 mil funcionários, a maioria ucranianos.
Ela contou que o soar das sirenes alertando sobre ataques aéreos é constante. Com isso, as pessoas sabem que têm de entrar e sair do bunker todo o dia. Dos últimos 12 meses, a equipe passou um mês se reunindo em abrigos subterrâneos.
Brown diz que cada dia é diferente. Não existe um dia característico. Mas, em 10 de outubro, o centro de Kyiv, a capital da Ucrânia, foi atingido por ataques aéreos às 8h20, a apenas 1,2 km do escritório.
A chefe da ONU na Ucrânia disse que o foco é apoiar o povo ucraniano, principalmente com a entrega de itens de primeira necessidade. A atuação tem sido feita o mais próximo possível da linha de frente, o que requer planejamento e coordenação meticulosos.
Linha de frente
Denise Brown lembra que o escritório foi sacudido com o impacto e ao ver “tudo começar a tremer”, ela decidiu que era hora de se proteger no bunker com a equipe.
A chefe da ONU na Ucrânia disse que o foco é apoiar o povo ucraniano, principalmente com a entrega de itens de primeira necessidade. A atuação tem sido feita o mais próximo possível da linha de frente, o que requer planejamento e coordenação meticulosos.
Brown disse visitar regularmente as comunidades da linha de frente uma vez que a ONU participa das entregas mais difíceis. Segundo ela, existe capacidade, experiência e recursos.
Deste modo, a equipe da organização passa grande parte do tempo em lugares como Kherson, mas também em diferentes comunidades das regiões de Kharkiv, Zaporizhzhia e Donetsk.
Esperança
Ela relata que em novembro de 2022, havia esperança quando a cidade de Kherson foi retomada pelo governo ucraniano. Três dias depois, sua equipe estava no local e foi recepcionada pelos moradores, que acenavam para os comboios da ONU
Mas, meses depois, ataques aéreos contínuos deixaram civis e voluntários mortos, bem como feriram trabalhadores humanitários.
Embora o conflito continue, também permanece firme a esperança das pessoas que seguem na cidade. Denise Brown contou que muitos relatam que não vão deixar suas casas, em demonstração de força, convicção e resiliência da população ucraniana.
A chefe da ONU no país conta que desde que chegou, tem dedicado tempo para conversar com as pessoas. Ela falou sobre o encontro com as prefeitas de Kherson e Orikhiv, que fica a cerca de 3km da linha de frente, na região de Zaporizhzhia.
Reconstruindo comunidades
Em janeiro, ela foi a Soledar, na região de Donetsk onde viu comunidades completamente arrasadas. Ela acredita que o povo da Ucrânia irá reconstruir as comunidades que sofrem com a guerra, mesmo que isso leve muito tempo.
A chefe da ONU no país conta que desde que chegou, tem dedicado tempo para conversar com as pessoas. Ela falou sobre o encontro com as prefeitas de Kherson e Orikhiv, que fica a cerca de 3km da linha de frente, na região de Zaporizhzhia.
Em apenas três horas no local, Brown presenciou pelo menos 20 ataques a uma distância de 5 a 10km de distância. As prefeitas continuam lá cuidando de suas comunidades e são as principais interlocutoras com a ONU.
Em Soledar, ela conheceu uma médica que montou uma clínica em sua própria casa após o posto de saúde ser atacado.
Necessidades humanitárias
Ela alerta que a guerra continua e está se intensificando, afetando ainda mais a população e aprofundando a uma crise humanitária.
Para a representante da ONU na Ucrânia, a situação mais crítica está próxima à linha de frente, onde casas e postos de saúde são destruídos.
Segundo Brown, as comunidades precisam de tudo, desde itens de primeira necessidade até assistência psicossocial, especialmente para as crianças.
Ela explica que a ONU tem acesso a todo o território controlado pela Ucrânia, mas o apoio é mais limitado na linha de frente. Desde fevereiro de 2022, nenhum comboio humanitário conseguiu cruzar as duas áreas.
Por isso, Brown afirma que solicita acesso com regularidade nos Ministérios da Defesa da Ucrânia e da Rússia e, embora tenham consistentemente uma resposta positiva do lado ucraniano, ainda não receberam uma resposta semelhante da Rússia.
Linha de frente
Por isso, Brown afirma que solicita acesso com regularidade nos Ministérios da Defesa da Ucrânia e da Rússia e, embora tenham consistentemente uma resposta positiva do lado ucraniano, ainda não receberam uma resposta semelhante da Rússia.
Ela destaca que é essencial que o acesso humanitário a linha de frente. A ajuda pode chegar a qualquer momento, mas são necessárias garantias de segurança.
A chefe da ONU na Ucrânia reforça que é extremamente urgente enviar suprimentos e ajudar as pessoas que vivem do outro lado da linha de frente e estão em uma situação desesperadora.
“O sofrimento continua e até que a guerra termine, temos que continuar a apoiar o povo da Ucrânia, que vive os horrores que a invasão está causando”, conclui.
Do blog com relatos da coordenadora residente da ONU na Ucrânia, Denise Brown*