Adolescente que luta contra o câncer realiza sonho de conhecer a ONU

Kale, de 16 anos, visitou várias partes da organização, em Nova Iorque, numa parceria com a Fundação Make-A-Wish, que faz mais de15 mil sonhos se tornarem realidade nos Estados Unidos a cada ano.
A ambição de vida de Kaloenic Ilac, ou Kale, de 16 anos, era viajar para Nova York e conhecer a ONU. Neste mês, a Fundação Make-a-Wish tornou seu sonho realidade com uma visita personalizada envolvendo um embaixador e um alto funcionário da ONU.
Há um ano, Kale, que mora na Califórnia, começou a ter visão turva no olho direito. Depois de fazer exames médicos, sua família recebeu a notícia arrasadora de que ele tinha um tumor localizado no nervo óptico direito.
Willliam, pai de Kale, disse que este ano tem sido uma “batalha”, explicando que, além de lutar contra o câncer, seu filho está passando pelas turbulências comuns que estudantes adolescentes do ensino médio enfrentam.
Kale tem um irmão mais novo e os pais são professores de história. Ele tem interesse em relações exteriores e internacionais e sonha em se tornar diplomata.
Em conversa com a ONU News, ele disse que “a ONU é uma das maiores forças de relações internacionais no planeta Terra”, e que se interessa muito por isso. Como a sede é em Nova York, cidade que também queria conhecer, ele achou que seria um lugar muito legal de visitar.
A Fundação Make-A-Wish acredita que realizar desejos pode mudar as chances de crianças que lutam contra doenças, ajudando-as a superar suas limitações, apoiando as famílias que lidam com a ansiedade, e levando alegria a comunidades inteiras.
A instituição conta que realiza 15 mil desejos, por ano, nos Estados Unidos, guiada por indicações de equipes médicas. Coleen Lee, representante da Fundação Make-A-Wish, disse que em média, leva de seis a 18 meses para que um desejo seja atendido. Ela ressaltou que “esta é a primeira vez que uma criança expressa o desejo de vir para a ONU!”
No pedido que enviou à Fundação, Kale dizia que era importante para ele visitar as Nações Unidas por causa do “trabalho integral que é feito lá, desde missões humanitárias até esforços de manutenção da paz, tudo na esperança de tornar o mundo um lugar melhor”. E que por isso ele achava que seria importante conhecer o local para entender melhor o trabalho que acontece ali e como são tomadas essas decisões.
Quando a ONU recebeu o pedido da Fundação, eles tentaram montar um programa personalizado para garantir que a visita de Kale fosse memorável.
A chefe da unidade de visitas guiadas das Nações Unidas, Rula Hinedi, disse que “para fazer tudo valer a pena”, foi decidido organizar não apenas uma visita guiada, mas também dar a Kale a oportunidade de conhecer funcionários e diplomatas de alto nível.
O dia começou cedo com uma visita guiada. Sorrindo, ele contou que “foi incrível”, e estava “maravilhado”. Kale disse que gostou muito da Assembleia Geral, ter conseguido subir na tribuna e que “foi legal estar no mesmo lugar que grandes pessoas estiveram antes”. Para ele, “isso foi muito forte”.
Ele foi cumprimentado por Paula Gonçalves, a oficial feminina de mais alto escalão, do Departamento de Segurança e Proteção. Ela, que tem mais de 25 anos de experiência, disse que queria que ele aproveitasse bem. E que essa “é uma organização maravilhosa e estavam todos felizes que ele havia os escolhido.”
Na sala do Conselho de Segurança, Kale conheceu o oficial da segurança Richard Norowski, que se emocionou ao lembrar que sua irmã fez uma viagem à Disneylândia, quando tinha sete anos, também através da Fundação Make-a-Wish. Ele contou que ela teve leucemia e que jamais esqueceu disso.
Na segunda parte da visita, houve uma série de encontros que podem ajudar Kale a atingir seu objetivo no futuro.
O diretor da Divisão de Divulgação no Departamento de Comunicações Globais, Maher Nasser, compartilhou sua experiência pessoal de ascensão na hierarquia da ONU e sugeriu os tipos de estudos acadêmicos que poderiam ajudar Kale a alcançar uma carreira como diplomata ou como um servidor público internacional na ONU.
Já o embaixador da França nas Nações Unidas, Nicolas de Rivière, e a conselheira jurídica da Missão e chefe da Divisão de Direitos Humanos, Assuntos Humanitários e Influência, Diarra Dime-Labille, também aconselharam Kale e compartilharam suas experiências.
Dime-Labille disse que ele tem que ter a mente aberta, porque muitas vezes “é preciso trabalhar e negociar com países que têm objetivos diferentes, visões diferentes das nossas”. Ela explicou que o “objetivo final é criar um mundo pacífico, o objetivo que os países tinham quando criaram as Nações Unidas”.
Kale e sua família estão cheios de esperança. A mãe dele, Robin, disse que tem cerca de seis a 12 meses antes de atingir o que eles chamam de fase de manutenção.
Já o pai dele, disse que nos últimos dois exames, o tumor havia encolhido e Kale recuperou parte da visão do olho direito. Ele espera que no próximo mês tenha resultados mais positivos.
Rula Hinedi admite que ficou comovida com a experiência de conhecer Kale e sua família. Ela disse que realmente se emocionou muito, e que o pedido de um garoto de 16 anos para visitar as Nações Unidas é uma forte mensagem para todos de que o trabalho que acontece aqui ainda é relevante, especialmente para a nova geração.
Para ela, “as coisas nem sempre são fáceis, mas com certeza o mundo é um lugar melhor por causa da ONU”.
Refletindo sobre a viagem, Kale diz que aprender sobre o bem que a ONU faz ao redor do mundo o inspirou a trabalhar a serviço dos outros.
Segundo ele, “apenas faça o seu melhor para ser melhor, porque quando você está melhor, pode ajudar os outros a serem melhores, e isso será uma reação em cadeia positiva. Sua mensagem é “seja prestativo e seja gentil”.