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Após Covid, OMS diz que China deve fornecer mais informações sobre doença

Na China, dois pedestres passeiam com seus cachorros durante a pandemia de Covid-19 em janeiro de 2021
Unsplash/He Zhu
Na China, dois pedestres passeiam com seus cachorros durante a pandemia de Covid-19 em janeiro de 2021

Após Covid, OMS diz que China deve fornecer mais informações sobre doença

Saúde

Agência da ONU diz que números indicados por país asiático não representam situação real da pandemia; cientistas da China afirma que das linhagens Ômicron BA.5.2 e BF.7 são predominantes atualmente.

Após uma reunião sobre o avanço dos casos de Covid-19 na China, o Grupo Consultivo Técnico sobre Evolução de Vírus aconselhou a Organização Mundial da Saúde, OMS, sobre a necessidade de mudança nas estratégias de saúde pública.

Os cientistas destacam a necessidade crítica e a importância de análises adicionais, bem como o compartilhamento de dados de sequenciamento para entender a evolução do vírus e o surgimento de mutações ou variantes preocupantes.

Avaliação global

O diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, falou a jornalistas nesta quarta-feira e destacou que ainda há lacunas nos dados recebidos das autoridades chinesas.

Para ele, as informações atuais publicadas pela China não representam o verdadeiro impacto da doença nas internações hospitalares e em UTI, bem como no número de mortes.

Segundo Mike Ryan, a agência de saúde ONU deve se encontrar novamente com cientistas chineses, nesta quinta-feira, como parte de uma sessão mais ampla entre os Estados-membros sobre a situação global do Covid-19.

Avaliação dos técnicos

O grupo consultivo recomenda a manutenção de altos níveis de vigilância genômica na China e no mundo, anotando sequências genômicas com metadados, ou dados sobre os dados, clínicos e epidemiológicos relevantes e compartilhar rapidamente são os pilares da avaliação de risco global oportuna.

Nesse 30 de dezembro, a OMS anunciou que especialistas chineses foram convidados para apresentar dados detalhados sobre o sequenciamento genético. Na ocasião, a agência de saúde da ONU ainda pediu o compartilhamento regular de dados específicos e em tempo real sobre a situação epidemiológica.

A OMS também solicitou mais dados sobre o impacto da doença, incluindo hospitalizações, internações e mortes em unidades de terapia intensiva e dados sobre vacinações entregues e situação vacinal, especialmente em pessoas vulneráveis e com mais de 60 anos.

Casos de Ômicron

Durante a reunião desta semana, cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China apresentaram dados genômicos do que eles descreveram como casos importados e adquiridos localmente de infecções por coronavírus.

Para infecções adquiridas localmente, os números foram baseados em mais de 2 mil genomas coletados e sequenciados a partir de 1º de dezembro de 2022.

A análise da autoridade de saúde chinesa mostrou uma predominância das linhagens Ômicron BA.5.2 e BF.7. Esses vírus juntos representaram 97,5% de todas as infecções locais de acordo com o sequenciamento genômico.

Algumas outras sublinhagens Ômicron conhecidas também foram detectadas, embora em baixas porcentagens. Essas variantes são conhecidas e circulam em outros países e, no momento, nenhuma nova variante foi relatada pela China.

Genomas de viajantes da China

Até 3 de janeiro, 773 sequências da China continental foram submetidas ao banco de dados Gisaid EpiCoV, iniciativa que promove o rápido compartilhamento de informações de todos os vírus influenza e do coronavírus. A maioria foi coletada após 1º de dezembro de 2022.

Entre os 564 sequenciamentos, apenas 95 são rotulados como casos adquiridos localmente, 187 como casos importados e 261 não tem esta informação fornecida.

Dos casos adquiridos localmente, 95% pertencem às linhagens BA.5.2 ou BF.7. Segundo a OMS, os números estão de acordo com os genomas de viajantes da China enviados ao banco de dados por outros países. Também não foi detectada nenhuma nova variante ou mutação.

Vigilância

A OMS continuará monitorando de perto a situação na China e globalmente e pede aos países que permaneçam vigilantes, monitorem e relatem sequências.

A agência de saúde da ONU também recomenda a realização de análises independentes e comparativas das diferentes sublinhagens Ômicron, inclusive na gravidade da doença que causam.

O grupo consultivo está avaliando a proporção crescente de XBB.1.5 nos Estados Unidos e em outros países. Uma avaliação de risco atualizada da linhagem está em andamento.

Os cientistas se reúnem regularmente e avaliam dados disponíveis sobre a transmissibilidade, gravidade clínica e potencial de fuga imune das variantes, incluindo o potencial impacto no diagnóstico, terapêutica e eficácia das vacinas na prevenção de infeções ou doenças graves.