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ONU lança plano de 10 anos para apoiar línguas indígenas ameaçadas

Arrecadação de fundos deverá ser destinada a ações com os indígenas brasileiros
UN News/Pauline Batista
Arrecadação de fundos deverá ser destinada a ações com os indígenas brasileiros

ONU lança plano de 10 anos para apoiar línguas indígenas ameaçadas

Cultura e educação

Na sessão de lançamento da Década Internacional das Línguas Indígenas, presidente da Assembleia Geral diz que preservar as culturas indígenas é fundamental para proteger a biodiversidade; povos indígenas são 6% da população global e falam mais de 4 mil das 6,7 mil línguas do mundo.

A ONU lançou a Década Internacional das Línguas Indígenas. As Nações Unidas defendem os povos indígenas, que são os herdeiros e praticantes de culturas únicas e formas de se relacionar com as pessoas e o meio ambiente.

Durante o evento de alto nível da Assembleia Geral, na semana passada, o presidente do órgão, Csaba Korosi, afirmou que preservar essas línguas é importante para toda a humanidade.

Laurentina Nicacio, jovem ativista da comunidade indígena Wichi em Salta, Argentina.
Abi Ari Gudiño
Laurentina Nicacio, jovem ativista da comunidade indígena Wichi em Salta, Argentina.

Povos indígenas e biodiversidade

Para ele, a cada língua indígena que desaparece, também se vão a cultura, a tradição e os saberes que ela carrega.

Korosi explica que a proteção é importante porque os povos indígenas são os guardiões de quase 80% da biodiversidade remanescente, de acordo com os dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO.

Para ele, se queremos proteger a natureza, devemos ouvir os povos nativos e dialogar na língua deles.

Os indígenas representam menos de 6% da população global, mas falam mais de 4 mil das cerca de 6,7 mil línguas do mundo, de acordo com o Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Desa.

No entanto, estima-se que mais da metade de todas as línguas serão extintas até o final deste século, mas este número pode ser ainda mais alto. O presidente da Assembleia Geral alertou que, a cada duas semanas, uma língua indígena morre.

Proteção aos direitos das comunidades indígenas

O líder da Assembleia Geral pediu aos países que atuem com as comunidades indígenas para proteger seus direitos, como acesso à educação e recursos em seus idiomas nativos, e garantir que seus conhecimentos não sejam explorados.

Ele também afirmou que os povos indígenas devem ser consultados e envolvidos, de forma significativa, em todas as etapas dos processos de tomada de decisão.

Representantes indígenas e embaixadores da ONU participaram do lançamento e defenderam a proteção e preservação das línguas.

O embaixador do México, por exemplo, falou em nome do Grupo dos Amigos dos Povos Indígenas, seguido pelo representante da Colômbia, que estava acompanhado de uma indígena do povo Arhuaco.

Os participantes também ouviram representantes de comunidades indígenas do Ártico e da África.