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ONU pede apoio para países menos desenvolvidos por uma transição justa de baixo carbono

As emissões de CO2 precisarão reduzir pela metade até 2030 para evitar aumentos de temperatura de 2,7C e mais até o final do século.
Unsplash/Matthew Smith
As emissões de CO2 precisarão reduzir pela metade até 2030 para evitar aumentos de temperatura de 2,7C e mais até o final do século.

ONU pede apoio para países menos desenvolvidos por uma transição justa de baixo carbono

Clima e Meio Ambiente

Agência especializada em comércio e desenvolvimento quer processo equilibrado e sustentável; grupo de países emitiu menos de 4% do total global de gases do efeito estufa; em cinco décadas, 69% das mortes devido a catástrofes foram relacionadas com o clima.

As Nações Unidas lançaram esta quinta-feira o Relatório sobre os Países Menos Desenvolvidos 2022. A publicação mobiliza o mundo a apoiar o grupo de 46 nações no caminho de “uma transição de baixo carbono justa, equilibrada e sustentável”.

As ações recomendadas destacam como essas economias sofrem um efeito desproporcional dos impactos da mudança climática e chamam a atenção internacional para a realização da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, COP27.

Lusófonos

A secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, Unctad, Rebeca Grynspan, pede que a comunidade internacional considere as necessidades e apoie plenamente o grupo de economias. 

Cerca de 1,1 bilhão de pessoas vivem nesses territórios, que incluem os lusófonos Angola, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Cabo Verde deixou o grupo de Países Menos Avançados, PMA, em dezembro de 2007.

Um dos pontos comuns entre eles é que a contribuição destes países para as emissões de CO2 tem sido mínima. Em 2019, o total esteve 4% abaixo do lançamento global de gases do efeito estufa. Mas em 50 anos, cerca 69% das mortes mundiais causadas por catástrofes relacionadas com o clima ocorreram nessas realidades.

Pelo menos 80% destas economias depende de exportações de commodities como minerais, metais e combustíveis. A Unctad ressalta que entre 2018 e 2020, cerca de 60% das exportações de mercadorias consistiram em matérias-primas.

As emissões globais devem diminuir 45% até 2030, a fim de evitar a catástrofe climática.
OMM/Leonor Hernandez
As emissões globais devem diminuir 45% até 2030, a fim de evitar a catástrofe climática.

Concatenações produtivas

O apelo aos países é que usem formas de produção sustentáveis e invistam mais na construção de novas capacidades produtivas e na expansão das já existentes. Outra medida a ser tomada pelos PMA é agregar mais valor e concatenações produtivas entre setores em nível nacional.

A Unctad recomenda ainda uma “transformação estrutural verde” para reduzir a pobreza e aumentar a resiliência para que as nações do grupo possam melhor gerir, se adaptar e responder aos riscos climáticos.

O relatório afirma que o desafio mundial da descarbonização exige uma "reinicialização do sistema" de apoio internacional aos PMA. Ao todo, eles representam cerca de 22% dos países com os apelos mais recorrentes a fundos em reação a crises climáticas extremas.

A sugestão aos parceiros de desenvolvimento é que aumentem o tratamento especial e diferenciado com fundos direcionados, suficientemente flexível e a longo prazo. Uma das medidas imediatas é cumprir os compromissos de financiamento climático e o ampliar o de ambição em relação aos objetivos de financiamento.

O apelo aos países é que usem formas de produção sustentáveis e invistam mais na construção de novas capacidades produtivas e na expansão das já existentes.
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O apelo aos países é que usem formas de produção sustentáveis e invistam mais na construção de novas capacidades produtivas e na expansão das já existentes.

Transição de baixo carbono

O Unctad pede ainda medidas urgentes para que se melhore a transferência de tecnologia e as capacidades institucionais destas nações. O apoio seria dado em assistência técnica e impulso ao desenvolvimento de capacidades na transição de baixo carbono.

Os PMA precisam ainda de políticas para a transição. O estudo pede que se adotem políticas industriais verdes que acelerem a transição de indústrias intensivas em carbono a indústrias de baixo carbono.

As recomendações enfatizam ainda a busca de recursos internos para ajudar a financiar a transição de baixo carbono, reforma da tributação, esforços para reduzir e eliminar fluxos financeiros ilícitos e reajuste do papel dos bancos públicos de desenvolvimento e centrais.