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Bachelet descreve encontro com presidente da China como “valioso” BR

Michele Bachelet durante encontro virtual com presidente da China, Xi Jinping.
Foto: © OHCHR
Michele Bachelet durante encontro virtual com presidente da China, Xi Jinping.

Bachelet descreve encontro com presidente da China como “valioso”

Direitos humanos

Alta-comissária de Direitos Humanos da ONU realiza visita oficial ao país; ela afirmou que ter conseguido uma “conversa direta” com o chefe de Estado Xin Jinping. 

No terceiro dia de sua missão oficial à China, a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, descreveu ter tido “uma oportunidade valiosa” de destacar suas preocupações durante um encontro com o presidente Xi Jinping e outros integrantes do governo. 

Esta é a primeira vez, desde 2005, que um chefe de Direitos Humanos das Nações Unidas visita a China. Bachelet utilizou sua conta no Twitter para informar que conseguiu “discutir diretamente” questões importantes por videochamada com o líder chinês, sem fornecer maiores detalhes sobre os temas da conversa.  

Engajamento direto 

Na China, Bachelet encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.
Foto: © OHCHR
Na China, Bachelet encontrou-se com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

Bachelet descreveu “uma prioridade se engajar diretamente com o governo da China, sobre questões ligadas aos direitos humanos, nos níveis doméstico, regional e global”.  

Em nota divulgada pelo seu escritório, a alta-comissária da ONU afirmou também que “para o desenvolvimento, a paz e a segurança serem sustentáveis, localmente e além das fronteiras, os direitos humanos precisam ser centrais”.  

Na fala dirigida ao presidente Xi, a chefe de direitos humanos da ONU enfatizou que “a China tem um papel crucial dentro das instituições multilaterais, em confrontar muitos dos desafios enfrentados pelo mundo atualmente”. 

Xinjiang 

Bachelet explicou que entre os desafios, estão “ameaças à paz e à segurança internacionais, instabilidade do sistema econômico global, desigualdades e mudança climática.” 

Ela disse ter a expectativa de aprofundar as discussões sobre este e outros temas. Bachelet também ofereceu à China assistência técnica para “acompanhar ações de reforçar promoção e a proteção dos direitos humanos, da justiça e do Estado de Direito para todos, sem exceção.” 

As declarações ocorreram enquanto Bachelet se preparava para visitar a região autônoma de Xinjiang Uighur, onde especialistas independentes da ONU já levantaram sérias preocupações sobre detenções e alegações de “trabalho escravo” pela minoria muçulmana Uighur.  

A China nega todas as alegações. Há relatos de que centenas de milhares de pessoas estariam sendo mantidas nos chamados “centros de reeducação!” ou sido transferidas de “à força para fábricas em Xinjiang e outras províncias chinesas”.  

Também nesta quarta-feira, na metade da sua missão de seis dias pela China, a alta-comissária da ONU para os Direitos Humanos falou aos estudantes da Universidade de Guangzhou.  

Inclusão dos jovens  

Bachelet declarou que em tempos de “incerteza e de imprevisibilidade”, “a educação em direitos humanos” é crucial para todos. Segundo ela, oferece a oportunidade de moldar “a realidade social, econômica, cultural e política”, além de oferecer “soluções concretas para os desafios que as pessoas enfrentam”. 

Apesar de várias ameaças globais, como Covid-19, mudança climática, conflitos e desigualdades, a alta-comissária da ONU falou à audiência na Universidade que “o enorme poder dos jovens” é um dos “faróis da esperança”.  

Aos estudantes chineses, Bachelet destacou que “um ingrediente fundamental para os jovens terem este papel é um espaço cívico aberto onde eles podem expressar suas opiniões e buscar mudança”. 

Entendimento profundo 

Entre as principais economias, as exportações da China continuam registrando forte aumento em relação às médias de 2020
Unsplash/Zhang Kaiyv
Entre as principais economias, as exportações da China continuam registrando forte aumento em relação às médias de 2020

A chefe de direitos humanos da ONU afirmou se sentir inspirada pelos movimentos de jovens ativistas que desafiam “discriminações, injustiças e desigualdades”.  

Sobre o direito inalienável de se participar de um diálogo aberto, Bachelet acrescentou: “quando vários atores da sociedade entram para essas discussões, são incluídos nos debates, isso permite um entendimento mais profundo de várias questões. Com vozes diferentes na mesa, os países podem identificar lacunas nas leis e nas políticas, e garantir que sejam mais justas”.  

Ao chegar em Guangzhou, Michelle Bachelet foi recebida pelo vice-ministro das Relações Exteriores, Ma Zhaoxu, e falou aos jornalistas sobre a expectativa dela em poder discutir “questões importantes e sensíveis” durante sua visita à China, para “ajudar a construir confiança”. Ela deverá conversar novamente com a imprensa no seu último dia de missão pelo país asiático.