ONU alerta para iminente “colapso total” de serviços básicos no Afeganistão
Chefe da organização revela compromisso do sistema humanitário de permanecer e distribuir auxílio; Américas serão ponto de destino de mais de 5 mil reassentados; mais detalhes sobre serão divulgados na próxima semana.
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, disse que o Afeganistão entra numa nova fase e a grande preocupação agora é com a piora das crises humanitária e econômica, e a “ameaça de colapso total dos serviços básicos”.
Nesta terça-feira, a presença militar dos Estados Unidos após duas décadas no território afegão foi concluída.
Desnutrição
A ONU estima que 50% dos afegãos, ou 18 milhões de pessoas, precisem de ajuda humanitária. Um terço já enfrenta insegurança alimentar. Mais de metade das crianças abaixo de cinco anos passarão à desnutrição grave em 2022.
Para Guterres, a perda de acesso a bens e serviços básicos sinaliza uma catástrofe humanitária iminente. Para ele, mais do que nunca, os afegãos precisam do apoio e da solidariedade internacionais.
O secretário-geral lembra que o compromisso do sistema humanitário é de ficar no país e entregar ajuda.
Cerca de 8 milhões de afegãos receberam auxílio este ano. Somente na última quinzena, 80 mil foram assistidos. Nesta segunda-feira, chegaram mais de 12,5 toneladas de suprimentos médicos.
Com a seca severa e a aproximação de inverno rigoroso, serão precisos mais alimentos, abrigos e insumos para a saúde.
Auxílio
Guterres pediu a todas as partes o acesso humanitário seguro e desimpedido para itens e pessoal.
Na próxima semana, a organização prevê detalhar as necessidades e requisitos de financiamento para os próximos quatro meses no Afeganistão.
Uma das maiores preocupações é com o aumento de oportunidades de reassentamento para pessoas que buscam abrigo.
Nova vida
A Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, disse que atualmente cerca de 5 mil afegãos seriam transportados para os Estados Unidos e outros países das Américas.
A agência quer que a evacuação dessas pessoas não se confunda com o reassentamento. Muitos beneficiários podem encontrar soluções, como a repatriação voluntária.
Já na questão de reassentamento, os mais vulneráveis estariam em maior vantagem pela oportunidade de começar uma nova vida.