Este ano, África terá 10 vezes mais vacinas Covax do que recebido até agora
Organização Mundial da Saúde diz a países da região para se preparar para aumento substancial de imunizantes; Comitê Regional, que debate avanços no setor, junta mais de 400 delegados, incluindo dezenas de ministros da Saúde.
A crise de vacinas ilustra como a falta de solidariedade e compartilhamento de imunizantes em nível global foram uma debilidade na pandemia da Covid -19.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, OMS, apontou fraquezas na troca de informações e dados, amostras biológicas, recursos, tecnologia e ferramentas falando esta terça-feira em reunião do setor em África.
Planos
Tedros Ghebreyesus fez as declarações a 47 Ministros da Saúde reunidos até sexta-feira para discutir e endossar políticas regionais, atividades e planos financeiros para melhorar a saúde.
O Comitê Regional junta mais de 400 delegados, incluindo representantes das agências da ONU, sociedade civil, entidades bilaterais e multilaterais e parceiros de desenvolvimento.
O chefe da OMS disse que surge um consenso global para a ideia de um tratado internacional ou outro instrumento legal, para fornecer uma base para uma melhor cooperação internacional para detectar e responder a epidemias e pandemias.
No discurso, Ghebreyesus considerou “terrivelmente injusta” a distribuição de vacinas e que “todos estão decepcionados com a injustiça” que se reflete sobre a região.
Realidade
Dos mais de 4,8 bilhões de vacinas foram administradas em nível global, menos de 2% foram para África. A região já notificou 5,4 milhões de casos e 130 mil mortes, números que para Tedros Ghebreyesus podem ser subnotificados.
Em nível global, 140 países têm 10% da população vacinada. No continente africano, somente quatro das 54 nações alcançaram essa meta, “no que revela uma chocante disparidade”.
Até setembro, a agência pretende que 10% da população africana seja vacinada com o apoio da Covax. O mecanismo já entregou mais de 44 milhões de unidades e quer “um aumento substancial” de mais 475 milhões de doses até o final de dezembro.
Tedros disse que África deve investir a iniciativa continental conhecida por Avad que considera “um complemento inovador para que sejam cumpridos os planos da agência.”
Produção local
Este mês, começou a distribuição da vacina Johnson & Johnson montada na região que também recebeu tecnologia para produção na África do Sul, no Ruanda e no Senegal.
A recomendação aos países é que se preparem para fazer a distribuição local da linha de imunizantes com entrega prevista até o final do ano.
O Comitê Regional é a primeira reunião para a tomada de decisões sobre questões de saúde pública na África e discute o impulso na resposta da Covid-19, do câncer do colo e outras enfermidades.
Outros temas são o acesso a tecnologias assistivas em saúde, da saúde digital, a resposta integrada à tuberculose, HIV, infecções sexualmente transmissíveis e hepatite, derrotar a meningite em 2030 e financiamento sustentável.