COP24: “sistema de transparência e financiamento são prioritários”, diz especialista
Negociadora portuguesa explicou à ONU News o que está a ser negociado; “livro de regras” do Acordo de Paris vai definir operacionalização; financiamento da economia verde vai compensar vulnerabilidades dos países em desenvolvimento.
Falando à ONU News, de Katowice, a representante explicou que o que está em cima da mesa, neste momento, é a conclusão do livro de regras do Acordo de Paris.
Negociações
“O Acordo de Paris providenciou-nos com um quadro de ação em várias áreas, gases de efeitos de estufa, financiamento, etc, e é preciso ter um livro de regras que as partes possam seguir, ou seja, neste caso, os países, para implementar esse acordo.”
A especialista considera que uma das coisas mais importantes que está a ser negociada “é a forma como as partes providenciam informação transparente acerca do seu inventário de emissões.”
Portugal enquanto Estado-membro da União Europeia, UE, está alinhado com a posição de Bruxelas. Cristina Carreiras fala revelou a principal prioridade do bloco europeu.
Desenvolvimento
“Conseguir que as regras de contabilidade de emissões sejam, de facto, robustas, que permitam às partes aprender com a experiência ao longo do tempo e, no fundo, que sejam o mais transparentes possível e que permitam também às partes, tendo em conta que muitas são países em vias de desenvolvimento, melhorar o reporte de emissões ao longo do tempo.”
O grande desafio, explica ainda, passa por negociar as compensações que serão dadas aos países em desenvolvimento, para que possam reduzir as suas emissões de gases para a atmosfera.
oA especialista da Comissão Europeia lembra que foram acordados € 100 bilhões, por ano, até 2025. Segundo a negociadora, o futuro de um objetivo de financiamento posterior não deverá envolver apenas os dinheiros públicos, mas sim envolver todos os fluxos financeiros que promovam investimento na redução das emissões e no desenvolvimento sustentável.”
Financiamento
A negociadora explicou que o sucesso deste processo vai depender do compromisso dos países na definição de metas.
“Um país sem metas não dá indicação dos seus objetivos. Portanto, a prioridade é o estabelecimento de metas e de redução de emissões.”
Carreiras lembra que estas negociações são complexas e muito técnicas, porque toda a questão do financiamento “tem de ser pensada, tem de haver projeções, é necessário olhar para os vários setores da economia, o que não se faz do dia para a noite”.
Na opinião da especialista da UE, essa transição e investimento vão assentar sobretudo “pelos objetivos que os países traçam e se esses objetivos não forem suficientemente ambiciosos, não há incentivo para o investimento.”