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Número de crianças malnutridas na Somália pode subir 50% este ano

Criança de dois anos de idade com sua mãe no hospital geral de Kismayo, na Somália. Foto: OIM/Muse Mohammed

Número de crianças malnutridas na Somália pode subir 50% este ano

Previsão é do Unicef, que explica que menores enfrentam ameaça tripla da seca, das doenças e do deslocamento forçado; essas crianças tem nove vezes mais chances de morrer de cólera, diarreia ou sarampo.

Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque. 

O total de crianças com desnutrição na Somália deve subir 50% este ano, divulgou o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef. Serão 1,4 milhão de menores, a incluir 275 mil com risco de morte.

A agência da ONU explica que as crianças severamente desnutridas têm nove vezes mais chances de morrer de cólera, diarreia severa ou sarampo. O Unicef lembra que durante a crise de fome de 2011 na Somália, metade dos 260 mil mortos eram crianças.

Rapidez

O representante do Unicef no país explica que este ano 56 mil menores desnutridos receberam tratamento, 90% a mais do que no mesmo período de 2016.

Mas Steven Lauwerier alerta para a ameaça tripla da “seca, das doenças e do deslocamento forçado”, que podem ser fatais para as crianças e por isso, deve-se fazer mais, com rapidez, para salvar vidas.

A seca na Somália já forçou 615 mil pessoas a abandonar suas casas desde novembro, a maioria mulheres e crianças. Cerca de 40 mil alunos tiveram que abandonar a escola.

Se não houver chuvas e se a assistência não chegar às famílias, mais pessoas serão forçadas a seguir para os campos de deslocados. Os surtos de malária já estão a ocorrer na Somália e o Unicef teme ainda um surto de cólera.

Riscos

As chuvas da temporada de abril a junho estão a cair aos poucos, a levar alívio a várias partes do país. Mas segundo o Unicef, se as chuvas forem muito fortes, a gravidade da situação das crianças poderá aumentar, em especial para as que vivem em abrigos feitos de galhos, panos ou lonas.

As mulheres e as crianças que saem em busca de abrigo ou assistência, geralmente a pé, são muitas vezes roubadas ou vítimas de abuso sexual, alerta a agência.

De momento, o Unicef apoiou o tratamento de 28,4 mil casos de cólera; criou 330 centros de nutrição onde mais de 56 mil crianças já foram tratadas e forneceu acesso à água para 1 milhão de pessoas afetadas pela seca.

Financiamento

O Unicef pediu US$ 148 milhões para ajudar a Somália este ano e até agora, recebeu 47% dos fundos, ou US$ 78,7 milhões.

O Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, afirma que 2,9 milhões de somalis enfrentam  insegurança alimentar em nível de emergência.

As áreas mais afetadas são sul-central, Somalilândia e Puntlândia. Somente no mês de abril, mais de 75,3 mil pessoas abandonaram suas casas devido à seca. O total de deslocados internos chega a 615 mil.

Segundo o Ocha, o apelo financeiro para tratar a fome na Somália já está 58% financiado, o que é “encorajador”. A agência pediu US$ 720 milhões para o país e recebeu US$ 415 milhões.

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