África Subsaariana não vai atingir paridade de género na educação em 2015
Unesco revela que nenhum país da região deve garantir equilíbrio entre meninos e meninas nos níveis primário e secundário; Angola, Moçambique, Brasil e Portugal mencionados no relatório de Monitorização Global da Educação Para Todos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, lançou o Relatório de Monitorização Global da Educação Para Todos de 2015.
O documento realça um aumento global de meninas nas escolas para cada 100 meninos, entre os anos 2000 e 2015. No período, a proporção de participação mudou de 92 a 97 no ensino primário e de 91 a 97 no ensino secundário.
Equilíbrio
O documento aponta desafios para que esse equilíbrio seja atingido, apesar de ter subido de 36 para 62 o número de países que conseguiram alcançar a meta.
Entre as nações lusófonas, Angola aumentou a diferença no ensino secundário de 76 meninas em 100 rapazes em 1999, para 65 em 2012.
Entretanto, o país é mencionado por oferecer alternativas para as jovens mães, que em programas escolares não-formais que dão uma segunda oportunidade permitem que estas levem os seus filhos para as aulas.
África Subsaariana
O relatório destaca que menos da metade dos países do mundo vai atingir a paridade de género na educação primária e secundária até o fim deste ano. Nenhuma nação da África Subsaariana deve chegar à meta nos dois níveis.
Moçambique merece destaque pelos ganhos significativos para o equilíbrio no nível primário, por ter incluído um objetivo género nos seus planos em 2000 e 2012. O país também é citado na publicação por ter apresentado uma média 62% de professoras no seu sistema de educação, entre 2009 e 2012.
Nível de Educação
O documento revela haver um maior desequilíbrio de género à medida que aumenta o nível de educação. No ensino pré-primário, 70% dos países alcançaram a paridade de género comparados aos cerca de 66% no ensino primário.
No ensino secundário do primeiro grau, metade dos países conseguiu o equilíbrio, 29% no secundário e apenas 4% no nível terciário.
O relatório demonstra que as meninas, particularmente as mais pobres, continuam a enfrentar grandes desafios para ter acesso ao ensino primário e que em todo o mundo 9% estão fora da escola.
Quase metade delas nunca entrou numa sala de aula, o equivalente a 15 milhões de meninas comparados a pouco mais de um terço dos meninos.
Abandono Escolar
Enquanto as meninas são menos propensas a estar matriculadas na escola primária, os meninos têm maior probabilidade de abandonar a escola mais cedo.
O grupo também é mais propenso a abandonar o ensino secundário em relação ao sexo oposto. O relatório revela que 95 meninos para cada 100 meninas completam o nível, uma proporção que não mudou desde o ano 2000.
Brasil
O Brasil é citado pela probabilidade de os meninos de famílias mais pobres abandonarem a escola após uma queda repentina da renda familiar. A proporção foi 46% mais elevada que para os meninos de famílias mais avantajadas.
Os meninos e jovens brasileiros em bairros mais pobres estão mais em risco de efeitos secundários da violência física ou de gangues, por serem autores ou vítimas. O Índice de Paridade de Género no país subiu de 1.12 no ano 2000 para 1.18 em 2010.
Portugal
Portugal é mencionado por ter aumentado a diferença de género na leitura com desvantagem para os rapazes como em 11 países da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, Osce. O resultado deve-se em grande parte a um declínio no desempenho dos meninos.
O homens representam menos de um terço dos professores do ensino secundário português do primeiro nível, entretanto compõem 61% dos diretores das escolas do país.
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