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Irão e Arábia Saudita devem dialogar para fim do conflito sírio, diz enviado

Staffan de Mistura, enviado especial da ONU para a Síria. Foto: ONU/Jean-Marc Ferre

Irão e Arábia Saudita devem dialogar para fim do conflito sírio, diz enviado

Enviado especial da ONU  para a Síria fala de "influência substancial" dos dois países na região; em Bruxelas, Staffan de Mistura disse prever um aumento de refugiados sírios.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria propôs uma conferência regional seguindo o modelo da Conferência da Organização da Segurança e Cooperação na Europa, Osce, que levou aos acordos de Helsínquia em 1975.

Falando esta segunda-feira, em Bruxelas, Staffan de Mistura disse que não se deve mais esconder atrás da situação.

Influência

Para o representante, com um possível início de conversas entre a Arábia Saudita e o Irão o conflito sírio duraria "mais um mês e não um ou 10 anos ".

Nas suas palavras, "o oxigénio desapareceria do conflito" se essa proposta fosse concretizada. De Mistura destacou a "influência substancial" de ambos os países sobre o Líbano, o Iémen, o Iraque e a Síria.

Discussão

No seu entender,  tais negociações poderiam contribuir para acabar com o conflito, desde que as duas partes não estivessem sozinhas na mesa e que tivessem uma "discussão real".

De Mistura mencionou ainda os seus "43 anos a trabalhar com a ONU em 19 conflitos", com conversações iniciadas após a "falta de patrocínio para um conflito". Como destacou, "com o  oxigénio retirado do fogo, o fogo se apaga".

Menino Aylan

De Mistura advertiu que a crise de refugiados devido ao conflito sírio poderia aumentar. Ele comentou sobre a foto do pequeno Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos encontrado morto após ter afogado na costa da Turquia.

Para o representante, não há tempo para mais conferências e discussões a longo prazo. Ele sublinhou que "é hora de olhar realmente nos olhos" dos que dizem não ter mais esperança e nem paciência.

Pobreza

O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, anunciou que a maioria dos 4 milhões de refugiados sírios nos países vizinhos vive fora de acampamentos formais em pobreza extrema. Grande parte deles está na Jordânia e no Líbano.

Os combates intensificaram-se em quase todas as províncias com um aumento de ataques de foguetes e de morteiros em Damasco. Registam-se também mais explosões de veículos em cidades como Latakia, Alepo, Homs, Hassakeh e Qamishli além de bombardeamentos pesados em Zabadani e a área rural de Damasco.

O desemprego aumenta em todos os setores do país ao lado da inflação. Nos últimos quatro anos, a libra síria perdeu 90% do seu valor no país onde mais da metade da população vive em extrema pobreza.

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