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Aumento de mortes maternas na África Ocidental está ligado ao ébola

Mortalidade materna aumento em países afetados pelo ébola. Foto: Banco Mundial/Dominic Chavez

Aumento de mortes maternas na África Ocidental está ligado ao ébola

Estudo do Banco Mundial destaca que perda de trabalhadores de saúde devido ao vírus poderá resultar em mais de 4 mil mortes por complicações na gravidez ou no parto.

Leda Letra, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

A morte de trabalhadores de saúde devido à epidemia de ébola pode contribuir para o aumento da mortalidade materna, segundo um estudo divulgado pelo Banco Mundial.

Complicações na gravidez ou no parto entre mulheres da Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa devem gerar mais de 4 mil mortes adicionais por ano, porque faltam profissionais de saúde para tratar as mulheres.

Retrocesso

O relatório “Mortalidade de Trabalhadores de Saúde e o Legado da Epidemia de Ébola” foi publicado na quarta-feira na revista médica especializada The Lancet.

O economista do Banco Mundial e co-autor do estudo, Markus Goldstein, declarou que “a perda dos profissionais pode aumentar as mortes maternas para índices vistos há 15 ou 20 anos”.

A taxa de mortalidade materna poderá subir 38% na Guiné-Conacri, 74% na Serra Leoa e 111% na Libéria, mesmo se os três países forem declarados livres do ébola.

Índices

Desde que o vírus surgiu na África Ocidental, os trabalhadores de saúde morreram numa taxa muito mais alta do que qualquer outro grupo, o que piorou uma situação para países que já tinham poucos profissionais do sector.

Na Libéria, 8,7% trabalhadores de saúde morreram após contrair ébola, incluindo médicos, enfermeiros e parteiras. Na Serra Leoa o índice foi de 6,8% e na Guiné-Conacri, 1,45%.

Contratação

De acordo com o estudo, isso significa que a Libéria, por exemplo, viu o total de médicos reduzir em 10% e o país agora tem 8% menos enfermeiras e parteiras do que antes do surto.

O relatório sugere que para salvar vidas da população em risco, é preciso contratar de imediato 240 profissionais de saúde nos três países.

Isso é apenas uma fração dos mais de 43,5 mil médicos, enfermeiras e parteiras necessários para que Guiné-Conacri, Libéria e Serra Leoa consigam fornecer serviços de saúde adequados para todos.

*Apresentação: Denise Costa.

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