ONU cita progressos contra pobreza mas alerta para aumento da desigualdade
Evento marcou as duas décadas da Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Social de Copenhaga; vice-secretário-geral associou crescimento do extremismo à falta de oportunidades para jovens.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU Em Nova Iorque.
As Nações Unidas assinalaram esta segunda-feira os 20 anos após a realização da Cimeira Mundial sobre o Desenvolvimento Social, num evento que decorreu na sede da organização em Nova Iorque.
O vice-secretário-geral, Jan Eliasson, citou progressos alcançados desde a reunião que decorreu em Copenhaga em 1995. Um dos exemplos é a existência de menos pessoas a viver na pobreza extrema em relação aos últimos 15 anos.
Desigualdade
Eliasson destacou, entretanto, que mais de 1 mil milhão de pessoas ainda estão nessa situação. O representante declarou que a desigualdade tende a ser sistémica e que, em muitos casos, está a aumentar a um nível alarmante.
O responsável disse que mais pessoas vivem longamente e mais saudáveis, além de avanços importantes registados nas áreas da saúde e da educação.
Entretanto, ele também ressaltou a falta de oportunidades económicas para mulheres e meninas em vários lugares.
Harmonia
Os desafios incluem ainda a degradação ambiental e as alterações climáticas que "ameaçam a base de uma vida saudável e até mesmo a sobrevivência" humana. Ele destacou com esses problemas não se vai viver em paz e em harmonia com a natureza e que o mundo coloca em risco a vida das gerações futuras.
Um outro fator mencionado no discurso foi a existência de 73 milhões de jovens desempregados no mundo.
De acordo com o vice-chefe da ONU, o grupo é três vezes mais propenso a estar desempregado do que os adultos.
Frustração
Eliasson disse haver muito mais jovens em empregos onde são objetos de exploração. Perante sentimentos de frustração e de raiva com a falta de oportunidades, estes podem perder a fé no governo e nas instituições.
Ele citou que em várias partes do mundo, a situação deixa os jovens recetivos e vulneráveis à marginalização e à radicalização. O crescimento alarmante do extremismo foi apontado como fenómeno relacionado à falta de oportunidades.
O responsável disse que o princípio e a prática da integração social, que é a coexistência pacífica das culturas e das comunidades, estão cada vez mais ameaçados no mundo atual.
Potencial
O vice-chefe da ONU disse que a experiência das últimas duas décadas, e em especial do período dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio demonstram o potencial de um verdadeiro pacto global para o desenvolvimento.
Para o representante, as lições do passado devem garantir um futuro melhor para todos numa jornada em que ninguém deve ser deixado para trás.
Leia Mais: