Ban pede investigação às mortes durante protestos no Burundi
Secretário-geral das Nações Unidas disse que o seu enviado para a Região dos Grandes Lagos já seguiu para o país; Acnur fala que 21 mil civis fugiram em busca de abrigo no Ruanda.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Burundi deve iniciar uma investigação rápida às mortes ocorridas durante as recentes manifestações para que os autores sejam responsabilizados. As declarações foram feitas esta terça-feira pelo secretário-geral Ban Ki-moon.
As Nações Unidas anunciaram que pelo menos cinco pessoas perderam a vida desde que os protestos iniciaram no domingo.
Governo
Ban condenou o surto de violência no país, que eclodiu após a nomeação do presidente Pierre Nkurunziza como candidato para as presidenciais a serem realizadas nos próximos dois meses.
A decisão foi tomada no fim de semana num encontro do partido do governo, o Conselho Nacional para a Defesa da Democracia-Forças para a Defesa da Democracia, Cndd-Fdd.
Liberdades
Em nota, o chefe da ONU anuncia a ida ao país africano do enviado do secretário-geral para a Região dos Grandes Lagos. Said Djinnit vai realizar consultas com Nkurunziza, várias autoridades governamentais, políticos e membros do corpo diplomático.
O pedido de Ban Ki-moon é que as autoridades do Burundi protejam os direitos humanos de todos os cidadãos do país, incluindo a liberdade de reunião, de associação e de expressão.
O chefe da ONU exortou os serviços de segurança a continuarem imparciais e moderados na resposta às manifestações. Às partes envolvidas, o apelo é que rejeitem a violência e evitem o uso de linguagem inflamatória ou discursos de ódio que poderiam aumentar ainda mais as tensões.
Fuga de Civis
O secretário-geral disse que os burundeses devem salvaguardar os ganhos conquistados na consolidação da paz e da democracia, ao exortar que estes resolvam as suas diferenças através do diálogo.
O Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur, anunciou esta terça-feira que cerca de 21 mil civis fugiram para o vizinho Ruanda, em abril, para escapar da violência eleitoral. Mais de 5 mil atravessaram a fronteira no fim de semana.
De acordo com a agência, a maioria dos refugiados é composta por mulheres e crianças, que relataram experiências de intimidação e ameaças de violência relacionadas às eleições presidenciais previstas para 26 de junho.
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