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Pelo menos 15 vítimas de ataques contra albinos em África Oriental, diz ONU

Desafios dos albinos incluem exclusão social. Foto: Unicef.

Pelo menos 15 vítimas de ataques contra albinos em África Oriental, diz ONU

Chefe dos Direitos Humanos anunciou que atos ocorreram em países como Tanzânia, Malaui e Burundi;  relatos incluem episódio de atacantes de uma área malauiana que teriam fugido para  Moçambique.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Pelo menos 15 albinos foram raptados, feridos, mortos ou sofreram tentativas de sequestro nos últimos seis meses na Tanzânia, no Malaui e no Burundi.

A informação consta de uma nota publicada esta terça-feira, em Genebra, pelo alto comissário da ONU para os Direitos Humanos. Zeid Al Hussein manifestou revolta com a recente onda de ataques violentos contra as pessoas que vivem com a condição nos países da África Oriental.

Fronteira com Moçambique

No Malaui, episódios dessas ações incluem um ataque a uma menina de 14 anos na passada terça-feira na aldeia de Kalombo, no Malaui. Após gritos da mãe por socorro,  um sequestrador foi apanhado e outros dois fugiram e pensa-se que tenham atravessado a fronteira para  Moçambique.

As autoridades malauianas registaram seis incidentes nas primeiras 10 semanas deste ano, mais dois em relação ao mesmo período de 2014.

Assassinatos

Zeid destaca que o tipo as ações têm um caráter vicioso e apontou que crianças albinas vêm sendo alvos particulares. O resultado é o medo de saírem para fora ou menores que deixam de ir à escola devido aos assassinatos e sequestros.

Os casos incluem o ataque de uma menina de nove anos e um menor de dois anos que desapareceu. O outro envolve uma idosa de 68 anos cujo corpo foi encontrado decapitado e sem os membros perto da sua casa.

Tanzânia

Zeid disse que a situação também piorou na Tanzânia, onde desde agosto passado foram registados oito ataques. A ação mais recente foi contra um menino de seis anos no último sábado. Após terem agredido Baraka Rusambo em sua casa, os autores fugiram com a sua mão direita cortada com um facão.

As autoridades tanzanianas receberam relatos de mais dois incidentes, incluindo a tentativa de sequestro de um menino de quatro anos e do bebé Yohana Bahati de um ano. Ele foi encontrado morto sem os braços e as pernas.

O alto comissário disse que é importante lutar contra a impunidade dos crimes contra os albinos. Zeid disse que a proibição de bruxaria declarada pelas autoridades da Tanzânia em janeiro é um passo na direção certa, assim como a condenação de quatro pessoas pelo assassinato de uma albina em 2008.

A preocupação é com as sentenças de morte pronunciadas pelo Tribunal e disse esperar que o país mantenha a sua moratória sobre a pena de morte."

Burundi

Zeid pediu às autoridades que impeçam  ataques nos países onde estes ocorrem e que os presumíveis criminosos sejam levados à justiça. O outro apelo é que seja garantida a indemnização e a reabilitação dos sobreviventes e suas famílias como uma prioridade.

O Burundi é outro país africano que registou o tipo de ataques, com 19 mortes relatadas desde 2008.

Exclusão

Zeid instou aos governos a fazer mais para ajudar as pessoas com a condição, para que estas tenham uma vida normal e produtiva. Ele lembrou que em todo o mundo as pessoas com albinismo continuam a sofrer discriminação e exclusão social.

O responsável citou um estudo feito no Paquistão, que demonstra problemas de direitos humanos enfrentados por albinos que incluem rejeição social, problemas médicos e psicológicos bem como o confinamento à pobreza.