Em palco da ONU, artistas unem-se para apoiar esforços contra o ébola
São Tomé e Príncipe esteve à frente do evento que juntou vozes internacionais; ao celebrar evolução, Nações Unidas pedem mais ação para impulsionar a última parte do percurso para vencer a doença.
Eleutério Guevane e Laura Gelbert, da Rádio ONU em Nova Iorque.
A sala da Assembleia Geral da ONU juntou centenas de pessoas na noite desta segunda-feira em cerca de três horas de concerto. Por trás da organização do evento "Parar o Ébola e Construir para o Futuro” esteve São Tomé e Príncipe.
O vice-embaixador são-tomense junto às Nações Unidas, Ângelo Torrielo, disse que a meta é angariar mais apoios para os países afetados e explicou como o mundo pode aderir à iniciativa.
"Todos podem ajudar não sendo indiferentes e nem esperar que o vírus os afete pessoalmente."
Até ao momento de desfilar no maior palco da ONU, artistas preparavam-se para atuar em salas próximas aos holofotes, como esta voz do grupo International Artists United com quem falamos nos bastidores.
Artistas Com Uma Voz
Chama-nos atenção o colorido de trajes que descobrimos ser de donos de vozes de nove países. Após o início do surto de ébola, eles se juntaram e criaram o conjunto "Artistas com Uma Voz", disse o camaronês Peter Ngu Tayoung.
O fundador do grupo conta que a meta é comunicar com as pessoas afetadas usando as suas línguas e culturas. Ele acrescentou que a sua mensagem chega às vítimas e às pessoas em sua volta educando e entretendo.
A noite foi além de ritmos. O combate ao ébola juntava figuras da ciência, da política e pessoas de outras áreas de entretenimento como a apresentadora de televisão americana Cheryl Wills. Ela convidou o secretário-geral das Nações Unidas a abrir o evento.
Desafio
Ban Ki-moon começou por dizer que o ébola está no ponto de viragem mas ainda é um desafio que deve envolver a todos.

Para Ban, graças aos esforços coletivos o ébola está a chegar ao fim da estrada. Mas lembrou que a última parte do percurso pode ser a mais difícil. Daí, o pedido por ação firme e pela união de propósitos para o fim do surto e para a recuperação.
Grammy
O som do Mali, um país que se reergueu rápido do ébola. Da África Ocidental, Chiek Hamala toca o cora, instrumento que fez dele um dos nomeados para o Grammy.
O levantar da crise foi confirmado momentos antes do show pela atualização da Organização Mundial da Saúde, OMS. A queda no número de doentes está em volta de 99 novos casos por semana na Libéria, Guiné Conacri e na Serra Leoa. No auge do surto, os pacientes rondavam 900 no mesmo período.
Essa evolução foi brindada por diplomatas representando a Serra Leoa, a Itália e os Estados Unidos, um dos países que fora de África registou mortes pelo ébola.
Doação
A embaixadora americana Samantha Power disse que a maré está a virar, acima de tudo porque o medo foi deixado para trás. Ela afirmou que uma das razões foi seguir a fundo na distribuição de recursos para deter a doença.

O momento também ficou marcado pela doação da música de Etana, da Jamaica. Better Tomorrow, ou Amanhã Melhor, foi oferecida pela artista para o combate ao ébola. Ela cantou com o Independent Artists United.
Apelos de apoios, doações e encontros nos palcos e nos bastidores tomaram conta do momento que na ONU reuniu o mundo em mais um esforço para zerar a epidemia. O país organizador, São Tomé e Príncipe, disse que ajudar é pensar além da limitação de recursos que também afeta aquela nação lusófona.
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