Líderes guineenses recebem declaração que advoga igualdade de género
Plataforma feminina quer quota de 40% de cidadãs nas instâncias de tomada de decisões; ONU destaca benefícios de aumento de participação no ato presenciado pelo presidente José Mário Vaz.
Amatijane Candé, da Rádio ONU na Guiné-Bissau.
A Plataforma Politica das Mulheres entregou a declaração de Canchungo aos titulares dos órgãos de soberania da Guiné-Bissau. O documento defende a promoção da igualdade de género no país.
No evento, realizado esta quarta-feira, o coordenador adjunto do Sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau destacou os benefícios da maior participação feminina.
Oportunidades
Marco Carmignani citou o combate à impunidade e à promoção dos valores da tolerância, paz, igualdade de oportunidades, da reconciliação e da justiça.
“Assinala-se ainda nesta senda de progressos a nomeação de seis mulheres para setores chaves de governação, cujo as actuações são visíveis em diversos domínios. Contando agora o Parlamento com treze mulheres contra dez da legislatura anterior. Esperamos que nas legislaturas seguintes este número aumente de maneira exponencial.”
De acordo com a Plataforma Política das Mulheres, composta por entidades que promovem e defendem os direitos femininos, o documento insta às autoridades a adotarem medidas com vista ao aumento da sua participação nas instâncias de tomada de decisões com base numa quota de 40%.
Marcos Carmignani salientou que a "subalternização das mulheres nas esferas da política impede que a igualdade consagrada na lei tenha reflexos práticos.
Casamento
O documento recomenda o reforço de mecanismos de sensibilização sobre as consequências da mutilação genital feminina, do casamento precoce ou forçado e a revisão do plano de reforma nos setores da defesa e segurança.
A intenção é que este reflita o princípio da equidade do género conforme a resolução 1325 do Conselho de Segurança. O Departamento de Género do Escritório Integrado da ONU na Guiné-Bissau, Uniogbis, esteve envolvido na produção.
O índice de analfabetismo nas mulheres ronda os 67%, facto que não irá favorecer as mulheres sobretudo na concorrência aos postos de emprego. A conselheira da Uniogbis para Assuntos do Género, Caterina Gomes Viegas, disse entretanto, que essa não é razão para deixar de acreditar.
“Os aspectos sócio-culturais jogavam um papael determinante na discriminação da participação das mulheres na política. Então, daí elas mesmas viram através da capacitação, de que têm capacidade, porque fizeram a avaliação da participação dos homens na política na espera da decisão e viram que também há homens analfabetos.”
Governo
Na cerimónia, o presidente guineense, José Mário Vaz, disse que “Homem que é Homem não bate em mulher”, ao falar da criminalização da violência domestica já em vigor no país.
![image](/en/sites/news.un.org.en/files/legacy-radio-images/pt/2015/02/José-Mário-Vaz.jpg)
O primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, esteve no encontro que também foi acompanhado pelos presidentes da Assembleia Nacional Popular e do Supremo Tribunal de Justiça.
Além do pessoal do Sistema das Nações Unidas, participaram no ato membros do governo, deputados e representantes do corpo diplomático acreditado no país.