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Vozes de Moçambique revelam contornos da violência contra as mulheres

Vozes de Moçambique revelam contornos da violência contra as mulheres

Ajuste dos costumes locais, ausência de denúncias às autoridades e necessidade de educação contra a prática desde a primeira infância são algumas das alternativas apontadas por interlocutores da Rádio ONU.

Ouri Pota, da Rádio ONU em Maputo.

A ONU-Mulheres em Moçambique apelou à atualização de dados sobre a violência no país, no âmbito do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres assinalado este 25 de novembro.

A entidade realiza várias atividades com parceiros para os 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra mulher, que iniciados nesta terça-feira.

Desafios

Em declarações à Rádio ONU, de Maputo, a representante interina da ONU Mulheres em Moçambique, Florence Raes, falou dos desafios da agência tendo em conta os usos e costumes locais.

“Os estereótipos do género e os papéis tradicionais atribuídos a homens e mulheres em várias culturas. Tende-se a esperar que a mulher seja mais dona de casa, calada, menos empoderada e que o homem possa prover para a família. Hoje em dia no mundo atual isso não é mais a realidade, isso implica questionar as relações de poder entre homens e mulheres e isso tem implicado realmente em repensar a parceria entre um casal e não tem sido uma questão fácil nem para mulheres nem para os homens”.

Denúncias

Mãe e assistente de comunicação no Centro Cultural Franco-Moçambicano em Maputo, Graça Magaia, afirmou que violência contra mulher vai permanecer se estas continuarem a ocultar as denúncias.

“Há mulheres que aparecem no posto de trabalho todas desfeitas. Elas preferem fazer pensar as pessoas que elas caíram, bateram-se com a porta… é mentira elas foram agredidas fisicamente, foram violentadas pelos seus próprios esposos, mas como elas não querem vê-los na cadeia, elas não o denunciam. Estou a falar de caso concreto de pessoas que eu achava muito cultas capaz de denunciar.”

Violência

Chico Carneiro cineasta e fotógrafo brasileiro radicado em Moçambique, apela à não-violência de género.

“ Eu olho com bastante preocupação porque apesar de todos avanços que te se conseguido nessa área a violência contra mulher continua bastante forte. As pessoas têm que ser educadas desde o berço ao respeito pelo respeito pelo seu semelhante, e no caso da mulher. Violência contra mulher jamais”.

O Dia Internacional para a Eliminação da Violência Contra as Mulheres celebra-se todos os anos a 25 de novembro.

A data visa alertar a sociedade para os vários casos de violência contra as mulheres, nomeadamente casos de abuso ou assédio sexual, maus tratos físicos e psicológicos.