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Pillay pede maior proteção de albinos após assassinato na Tanzânia

Navi Pillay Foto: ONU/Jean-Marc Ferré

Pillay pede maior proteção de albinos após assassinato na Tanzânia

Chefe dos Direitos Humanos da ONU deplora caso de mulher que teve partes do corpo amputadas antes de morrer; responsável cita relatos de abuso sexual de menores com a condição em locais de abrigo.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos pediu esta quinta-feira maior proteção das pessoas com albinismo na Tanzânia, dois dias depois do assassinato de uma mulher.

Em comunicado, Navi Pillay cita o caso de Munghu Lugata, de 40 anos. A sua morte ocorreu na sua residência na área de Mwachalala, uma aldeia na região Simiyu, no noroeste.

Circunstâncias

O documento cita relatos apontando que os agressores cortaram a sua perna esquerda acima do joelho, dois dedos e a parte superior do polegar esquerdo. A vítima aparentemente ainda estava viva.

Pillay diz que o caso e “as terríveis circunstâncias que o rodeiam” demonstram que persiste o que considera de “situação terrível dos direitos humanos” das pessoas com albinismo na Tanzânia e noutros países.

Rituais

Trata-se do primeiro assassinato de um albino registado este ano no país, onde ocorreram pelo menos 73 casos desde o ano 2000. Pillay realça que os ataques são muitas vezes motivados pelo uso de partes do corpo das vítimas para rituais.

Mais de 200 casos de ataques contra albinos, em 15 países, foram reportados ao Escritório de Direitos Humanos da ONU entre 2000 e 2013. A entidade acredita que o número seja muito maior.

Impunidade

A responsável saudou a rápida resposta da polícia tanzaniana ao prender dois feiticeiros no dia segunte ao episódio. Mas, destaca que a luta contra a impunidade é uma componente-chave para a prevenir e dissuadir crimes que visam a comunidade que considera excepcionalmente vulnerável.

Pillay disse ainda que, muitas vezes, as vítimas enfrentam grandes dificuldades em levar os casos para a justiça por temer ataques de retaliação ou maior estigmatização.

Centros

A alta comissária também expressou preocupação com o que chama de “terríveis condições de vida” em pelo menos de 13 centros para crianças deslocadas e adultos com necessidades especiais na Tanzânia.

Como explicou, os locais acolhem centenas de crianças albinas abandonadas pelas famílias ou que tenham fugido por medo de serem atacadas ou mortas.

Cancro da Pele

Entre os problemas, apontou a superlotação, as fracas condições sanitárias e de higiene. Nos locais, vários menores sofrem de cancro da pele e os funcionários carecem de “consciencialização sobre os passos simples para evitar a doença.”

Pillay também mencionou relatos de casos de abuso sexual em alguns dos centros que contam com poucos recursos humanos, financeiros ou material didático.