ONU realça necessidade de diálogo no Burundi após prisão de dezenas
Escritório local analisa situação nos próximos dias após mais de 70 detidos em semana marcada por choques entre polícia e manifestantes; equipa de direitos humanos do Bnub acompanha os acontecimentos.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
As Nações Unidas dizem que acompanham a situação de cerca de 70 pessoas que foram detidas no Burundi, e prevêem uma análise do diálogo no país numa reunião com autoridades e parceiros na próxima semana.
O encarregado de Informação no Escritório da ONU no país, Bnub, disse que o seguimento está a ser feito com a equipa de direitos humanos.
Polícia e Manifestantes
Falando à Rádio ONU, de Bujumbura, Vladimir Monteiro contou que a tensão começou com violentos confrontos a 8 de março. Os tumultos entre a polícia e membros de partidos da oposição alastraram-se durante a semana.
“Houve uma manifestação de mulheres que não estaria autorizada. A polícia fez uso de gás contra essas mulheres de um partido político. Num outro caso, jovens de um outro partido tentaram manifestar-se e refugiaram na sede do seu partido onde a polícia tentou ir buscá-los. (Estes) foram detidos pelos jovens e, na sequência dessa situação e após horas de negociações incluindo a presença da ONU houve assalto da polícia com vários feridos”, explicou.
Tensões
Os recentes acontecimentos levaram o Secretário-Geral das Nações Unidas a manifestar a sua profunda preocupação. Ban Ki-moon pediu contenção tanto ao governo como aos partidos políticos, e que estes se abstenham de quaisquer acções que possam agravar as tensões.
O chefe da ONU disse lamentar as crescentes restrições à liberdade de expressão, de associação e de reunião. Ban apontou ainda proibições à oposição e a interrupção de reuniões da ala juvenil do partido no poder pela polícia.
Ganhos Democráticos
A nota de Ban destaca que a observação das liberdades com respeito aos direitos humanos é uma condição prévia para a realização de eleições livres e justas em 2015. Para Ban, o Burundi não se pode dar ao luxo de perder a oportunidade para consolidar os seus ganhos democráticos.
O Secretário-Geral convidou as autoridades, os líderes políticos e a sociedade civil a trabalhar em conjunto para acalmar a tensão, tendo manifestado a sua prontidão para oferecer os seus bons ofícios.
Ban Ki-moon reiterou seu apelo para o lançamento de uma campanha contra a violência política antes das eleições, além da resolução das diferenças de forma pacífica através do diálogo.
O pronunciamento lembra que as medidas fazem parte do roteiro político adoptado em março do ano passado, e do consenso consagrado nos Acordos de Arusha que envolvem as partes.