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África: custos climáticos podem chegar até US$ 350 mil milhões por ano

África: custos climáticos podem chegar até US$ 350 mil milhões por ano

Alerta consta do relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma; quantia terá que ser paga anualmente caso os níveis da temperatura subam para 3.5º-4ºCelsius.

Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

Um relatório das Nações Unidas, divulgado nesta terça-feira em Varsóvia, revela que o custo de adaptações climáticas na África pode chegar a US$ 350 mil milhões.

A previsão foi feita pelo Programa da ONU para o Meio Ambiente, Pnuma.

Temperatura Média

Segundo os especialistas, se nada for feito para reverter a tendência do aquecimento global, as temperaturas podem alcançar até 4º Celsius. A quantia calculada pelo Pnuma teria de ser paga anualmente até 2070.

Com estes cálculos, 10% da população de países como Guiné-Bissau, Moçambique e Gâmbia correriam riscos de enchentes anuais até 2100.

A agência da ONU afirma que o continente africano enfrentará enormes desafios económicos caso os governos não consigam acabar com o chamado “fosso de emissões” para manter a temperatura média abaixo de 2º Celsius.

PIB

Se a África chegar ao dobro desta marca, os corais de arrecifes desaparecerão do continente. O relatório “O Fosso de Adaptação da África” foi endossado pela Conferência Ministerial Africana sobre o Desenvolvimento, realizada na sede do Pnuma, em Nairobi, no Quénia.

Atualmente, os países africanos já estão a pagar custos na faixa entre US$ 7 e US$ 15 bilhões por ano até 2020. Caso a tendência se mantenha, os prejuízos serão equivalentes a 7% do Produto Interno Bruto da África.

Caso a temperatura média saia dos níveis atuais, não somente os governos terão que pagar bilhões de dólares, mas também existe o risco para as vidas de centenas de milhões de africanos e de pessoas em outras partes do mundo.

Redução de Gases

Uma preocupação do Pnuma é a redução de plantações e as consequências para a alimentação de comunidades inteiras. Ainda que os países cumpram as suas metas atuais de redução de gases que causam o efeito estufa. Em 2020, estes tipos de emissões devem subir de 8 para 12 gigatoneladas de dióxido de carbono (CO2).

A presidente da Conferência Ministerial, Terezya L. Huvisa, disse que a África não pode arriscar fracassar na implementação das medidas de combate às mudanças climáticas, principalmente por causa da estimativa de crescimento para 2 mil milhões de pessoas até 2050.

A Convenção da ONU sobre Mudança Climática comprometeu-se em fornecer US$ 100 bilhões anualmente à África até 2020 como parte do Fundo do Clima Verde. Mas as regras para alocação dos recursos de adaptação ainda têm que ser definidas. Enquanto isso, o dinheiro não pode ser disponibilizado.

*Apresentação: Denise Costa.