Unesco defende garantias contra violência para mulheres no Afeganistão

Diretora da agência falou com parlamentares do país que ameaçam boicotar aprovação da lei na câmara baixa do parlamento; meninas compõem 70 % das crianças fora da escola. 

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.*

A diretora geral da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, disse que mulheres precisam de garantias para que se sintam membros de pleno direito da sociedade no Afeganistão.

Irina Bokova falava, em Kabul, no âmbito da sua visita ao país terminada neste domingo. A chefe da Unesco fazia um esclarecimento sobre a posição da agência a uma parte de parlamentares que ameaça barrar a aprovação da lei de violência contra mulheres na câmara baixa do órgão.

Lei Sharia

Parte destes, reclama que alguns artigos da proposta, que prevê garantir a proteção de raparigas e de mulheres afegãs, seriam uma violação à lei islâmica, sharia.

Bokova disse que, apesar de uma década de avanços no setor de educação, muito trabalho precisa ser feito no país com 3 milhões de crianças fora da escola, sendo 70 % destes composta por meninas.

Património

Ela reconheceu a dificuldade de se mudar mentalidades e pontos de vista tradicionais, na visita que também tinha por objetivo aumentar a consciencialização sobre a educação da rapariga. O outro propósito era destacar a importância do património cultural do país como um ativo económico vital.

Além de reunir-se com o presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, e com funcionários do governo, Bokova conversou com estudantes e trabalhadores na indústria cultural local.

Promoção da Educação

Mesmo com elogios ao país pela promoção da educação, Bokova destacou que educar as meninas e mulheres não é contra as crenças religiosas.

Ela sublinhou o facto de a instrução escolar possibilitar o aumento das oportunidades para contribuir para o desenvolvimento das sociedades e beneficiar as famílias com as mulheres a se sentirem parte integrante dela.

*Apresentação: Denise Costa.