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OMS: malária mata menos, mas perigo continua

OMS: malária mata menos, mas perigo continua

Relatório da agência mostra que se ganhou uma batalha, em quantidade, mas a luta para eliminar a doença tem um longo caminho pela frente.

Susete Sampaio, da Rádio ONU em Lyon.

Apesar da tendência decrescente do número de casos de doentes e vítimas mortais por malária, o perigo continua presente com a resistência dos parasitas a medicamentos e a falta de fundos de combate à doença.

O alerta foi lançado pelo mais recente relatório da Organização Mundial da Saúde, OMS, publicado nesta terça-feira.

Menos baixas

De acordo com o Relatório Mundial de Malária 2011, em apenas uma década, o número de mortes caiu 25%, graças à cobertura e controlo da doença em populações de risco.

A OMS garante que, atualmente, morre uma criança vítima de malária a cada 45 segundos, em todo o mundo.

A agência da ONU refere que a doença matou cerca de 655 mil pessoas em 2010, uma redução de 25% comparada com 2000. O que ficou aquém das expetativas, que eram de uma redução de 50%.

O relatório reúne dados de 106 países onde a malária é endémica, 99 dos quais ainda conhecem a transmissão da doença.

Fundos insuficientes

No documento, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, diz que os fundos mundiais aumentaram a ajuda para US$ 2 mil milhões, mas esse valor não chega, sendo que a luta contra a doença requer US$ 5 a US$ 6 mil milhões.

Um problema, segundo Chan, que refere que a falta de recursos financeiros impede de cumprir o Objetivo de Desenvolvimento do Milénio relacionado com a saúde, principalmente no que diz respeito ao continente africano.

Neste momento, em que há incertezas económicas e há o grande risco da resistência de parasitas a medicamentos anti-malária e de mosquitos a inseticidas, deve existir determinação, segundo Chan.

Para tal, deve fazer-se uso total das técnicas atuais de prevenção e controlo da doença, ao mesmo tempo que se enfrentam as ameaças através da vigilância e de respostas imediatas, para no final manter e alargar os êxitos remarcáveis que se conseguiram até agora.

Estima-se que em 2010 havia 216 milhões de casos de malária, 91% dos quais na região de África. E que atualmente 3,3 mil milhões de pessoas corram risco de infeção. Enquanto isso, 1,2 mil milhões de pessoas encontram-se em regiões de alto risco, na sua maioria em África, o que corresponde a 47% do total mundial.

É em África que se registam nove das 10 mortes infantis de malária, na sua maioria em crianças menores de cinco anos.