Começam a escassear mantimentos para 14 mil refugiados de Cote d'Ivoire
Segundo o Acnur, marfinenses fazem longas caminhadas com pouca comida; comunidades anfitriãs na Libéria estão superpovoadas.
[caption id="attachment_189202" align="alignleft" width="175" caption="Milhares refugiados"]
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, diz ter registado 14 mil pessoas que fugiram da crise pós-eleitoral em Cote d'Ivoire, também conhecida como Costa do Marfim.
A agência apontou para o aumento do número de necessitados em aldeias anfitriãs, principalmente de mulheres e crianças.
Escassez
O Acnur aponta para um número cada vez crescente de recém-chegados que está a ter impacto nas comunidades anfitriãs.
Conforme alerta, as reservas alimentares começam a escassear, apesar dos esforços governamentais e de várias agências humanitárias em garantir melhor assistência.
De acordo com a agência, os refugiados são provenientes do leste de Cote d'Ivoire, país que continua mergulhado em instabilidade após o presidente em exercício, Laurent Gbagbo, ter recusado em aceitar a derrota nas eleições presidenciais de 28 de novembro.
Doenças
A comunidade internacional, incluindo a ONU, reconheceu o candidato Alassane Ouattara como o vencedor do pleito.
O escrutínio foi realizado como uma etapa para o avanço do processo de paz naquele país da África Ocidental, dividido pela guerra civil de 2002 em região sul, controlada pelo governo, e norte, sob influência da oposição.
De acordo com funcionários do Acnur no terreno, vários refugiados caminham pela floresta por várias horas e até por dois a três dias com pouca comida.
Segundo referem, as comunidades de acolhimento estão povoadas.
O Acnur relata igualmente casos de crianças malnutridas e de pessoas a sofrer de malária, infecções respiratórias e diarreia.
As histórias dos recém-chegados incluem vários casos de morte de crianças que afogaram durante a travessia do rio Cestos, na região de Butuo.
Entretanto, em Cote d'Ivoire, a agência diz estar preocupada com relatos de que membros dos ex-rebeldes das Forces Nouvelles, na região de Danane, estariam a impedir que marfinenses cruzem a fronteira para a Libéria.
O facto leva a que os refugiados desviem a rota em mais de 80 km para sul para entrarem na Libéria.
A agência apela para a protecção dos civis e ao respeito ao direito à procura de asilo sem impedimentos.