Perspectiva Global Reportagens Humanas

Ataques do LRA podem constituir crimes de guerra

Ataques do LRA podem constituir crimes de guerra

Dois relatórios divulgados por órgãos diferentes da ONU enumeram uma série de violações perpetradas pelo grupo rebelde no Sul do Sudão e RD Congo; 1,2 mil civis foram mortos neste último país pelo movimento entre Setembro do ano passado e Junho de 2009.

Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Uma série de ataques brutais contra civis perpetrados pelo grupo rebelde ugandês, Exército de Resistência do Senhor, LRA, no Sul do Sudão, podem representar crimes contra a humanidade.

A conclusão consta de um relatório divulgado esta segunda-feira em Genebra pelo Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos.

Escravas Sexuais

O documento cobre investigações realizadas por funcionários do órgão e da missão da Nações Unidas no Sudão, Unmis, sobre uma série de 27 ataques confirmados levados a cabo pelo movimento entre Dezembro de 2008 e Março deste ano, durante os quais pelo menos 81 civis foram mortos.

Muitas pessoas foram também feridas, mutiladas, sequestradas e violadas e pelo menos 18 crianças foram forçadas a juntar-se ao grupo como soldados e escravas sexuais.

Alguns menores conseguiram depois escapar e os seus relatos de abusos confirmam informações recebidas de outras crianças que foram sequestradas em anteriores ataques do LRA.

Segundo o documento, durante as ações do grupo rebelde aldeias foram pilhadas e muitas vezes totalmente destruídas, provocando o deslocamento de cerca de 38 mil pessoas em regiões do Sul do Sudão situadas perto da fronteira com a República Democrática do Congo.

Abusos Sistemáticos

Um segundo relatório sobre o LRA também divulgado esta segunda-feira, desta vez pela missão da ONU na RD Congo, Monuc, indica que 1,2 mil civis foram mortos e 1,4 mil sequestrados, incluindo mulheres e crianças, entre Setembro do ano passado e Junho deste ano.

A Monuc realça que esses ataques e os abusos sistemáticos e generalizados de direitos humanos perpetrados pelo grupo podem constituir crimes de guerra e contra a humanidade.