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Brasil defende desarmamento nuclear

Brasil defende desarmamento nuclear

Pollyana de Moraes, da rádio ONU em Nova York.*

O Brasil tem, cada vez mais, participado dos debates internacionais em defesa da não-proliferação de armas nuclares e do desarmamento.

Nos próximos dois anos, a influência do país neste campo pode ser ainda maior, com a conquista, em 2009, de um dos assentos rotativos do Conselho de Segurança da ONU.

Perigo à Paz

Na última semana, o Rio de Janeiro foi sede de um seminário sobre o assunto, que contou com a participação de representantes do Governo, de países convidados e de membros de organizações da sociedade civil.

Na ocasião, o diretor do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, embaixador José Botafogo, lembrou que o tema deve estar continuamente nas pautas internacionais, já que as armas nucleares representam um perigo à paz.

"A difusão de armas nucleares é uma ameaça a todos os países civilizados e também a todos aqueles países que estão no centro dos conflitos internacionais. O Brasil tem o privilégio de estar em uma zona desnuclearizada. Todo o hemisfério sul, aliás, está desnuclearizado. Isso é um patromônio que deve ser preservado", afirmou.

Enriquecimento de Urânio

Durante o seminário, o Presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear, Odair Gonçalves disse que o Brasil está entre os três países com maior potencial de urânio do mundo.

"Nós somos um dos três únicos países que tem urânio em quantidade e que detém a tecnologia de enriquecimento, junto com Rússia e Estados Unidos. Nós somos a sexta reserva mundial, com apenas 30% do território prospectado até uma profundidade de 100 metros. Isso significa que nós somos a segunda ou a terceira reserva mundial de urânio. Portanto, o nosso papel é muito importante, porque por uma lado, nós detemos a tecnologia e por outro, detemos os meios para desenvolvê-la.", afirmou.

Todos os especialistas no encontro, defenderam que o potencial nuclear brasileiro deve ser aproveitado apenas para fins pacíficos, como por exemplo, para a produção de energia.

Não-Proliferação

Já o alto comissário das Nações Unidas para Assuntos de Desarmamento, Sérgio Duarte, disse à Rádio ONU qual é o papel dos países no Tratado Internacional de Não-Proliferação de Armas Nuclares.

"O Tratado estabelece duas categorias de países: os que possuem armas nucleares, Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido, e os demais, que não as possuem. Para esses, o tratado estabelece um sistema de verificação de acordos de salvaguardas de cada país individual com a Agência Internacional de Energia Atômica. Através desses acordos, a agência exerce a vigilância e o monitoramento das instalações desses países que não possuem armas nucleares", afirmou.

Ainda segundo Sergio Duarte, não há nenhum mecanismo de verificação dos países que, pelo Tratado, podem ter armas nuclares. Ele afirma que essas nações deveriam dar mais explicações sobre o uso da tecnologia em seus territórios e sobre o compromisso que devem assumir em relação à paz mundial.

*Reportagem: Arthur Orlando, Unic-Rio, Rio de Janeiro.