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Trabalho infantil e tráfico humano

Trabalho infantil e tráfico humano

No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, a Unodc indica que raparigas que trabalham aumentam o risco de serem traficadas; recente relatório da OIT sugere que 100 milhões de raparigas são vítimas de trabalho infantil.

Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, comemorado a 12 de Junho, destacou este ano a situação das raparigas vítimas do flagelo.

Um relatório publicado na semana passada pela Organização Internacional do Trabalho, OIT, sugere que 100 milhões de raparigas são vítimas do trabalho infantil em todo o mundo.

Tráfico Humano

Uma nota emitida pelo Escritório da ONU contra Drogas e Crime, Unodc, por ocasião da data, indica que as raparigas que trabalham estão mais expostas ao tráfico humano.

Segundo o órgão, 80% das vítimas de tráfico são mulhares e crianças e mais de metade de todas as pessoas traficadas tem idade inferior a 18 anos.

O encarregado de Protecção à Criança do Unicef, Abubacar Sultan, disse à Rádio ONU, em Nova Iorque, que o trabalho infantil facilita o tráfico de crianças, particularmente raparigas.

Prostituição

"Há um certo tipo de trabalho infantil que envolve de facto aquilo que se pode chamar de tráfico, sobretudo quando tem a ver com a transferência de crianças de um local para outro, dentro do mesmo país, ou de um país para outro para fins de exploração. Sabemos que existem vários tipos de tráfico sobretudo no domínio da agricultura e também tráfico para a exploração da criança em prostituição. Infelizmente, os números relativamente a este fenómeno são difíceis de encontrar devido à natureza da própria prática" afirmou.

O Unicef e o Unodc discutiram recentemente como a educação pode ajudar raparigas a escaparem ao trabalho infantil e ao tráfico humano.

Abubacar Sultan disse que o acesso das raparigas à educação é fundamental.

Segurança

"Temos estado a insistir ultimamente na abolição dos encargos sobretudo relacionados com a matrícula. Pensamos que podem entravar o acesso das raparigas à escola. Para além disso existe a própria qualidade da educação. Não basta só que elas tenham acesso à escola. É fundamental que essa escola reponda às necessidades nas zonas menos desenvolvidas. É importante os pais entenderem que se trata de um investimento fundamental para as suas filhas de forma a que possam lá permaner. Devem ser escolas que não representem qualquer tipo de ameaça à sua segurança" disse.

O Unicef diz que os avanços feitos nos últimos anos em relação ao acesso das raparigas à educação e redução da trabalho infantil podem ser postos em causa pela actual crise económica. O órgão afirma ainda que as taxas de matrícula nas escolas primárias e secundárias continuam baixas em muitos países da África Subsaariana.