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Mulheres quebram silêncio sobre violações na RD Congo

Mulheres quebram silêncio sobre violações na RD Congo

Cinco vítimas de violação sexual partilharam a sua experiência num evento patrocinado pelo Unicef; representante do órgão pediu fim da impunidade para tais crimes.

Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Cinco mulheres de várias províncias da República Democrática do Congo, todas vítimas de violação sexual, participaram este fim de semana na capital, Kinshasa, num evento sobre o tema.

Organizado pelo Fundo da ONU para a Infância, Unicef e pela ONG V-Day, e patrocinado pela primeira dama do país, Olive Kabila, a conferência "Quebrar o Silêncio sobre Violações Sexuais" faz parte de uma campanha global para acabar com a prática no país.

Mobilização

As cinco sobreviventes de violação sexual são mães com idades entre os 40 e os 60 anos. Durante o evento, elas partilharam a sua experiência, contando as suas histórias de violação e terror e o impacto sobre as suas vidas.

Também pediram uma mobilização nacional de apoio à campanha.

Uma das mulheres disse que falavam em nome de todas as vítimas, incluindo as que continuam a esconder-se com medo de serem estigmatizadas.

A representante do Unicef no país, Pierrette Vu Thi, deplorou a atitude negativa generalizada em relação a mulheres e raparigas. Ela disse que isto devia-se à degradação de valores sociais, pedindo o fim da impunidade para crimes de violação sexual.

Relatório

O mês passado, o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, citou um relatório preliminar de um departamento do governo congolês segundo o qual 463 casos de violação sexual foram registados nos primeiros quatro meses deste ano. Isto representa mais da metade do total de casos notificados em 2008.

Cinco milícias foram condenados na passada sexta-feira por um tribunal de Kisangani a penas de 30 anos de prisão por crimes de violação sexual, num julgamento apoiado pelas Nações Unidas.