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OIM: formação profissional em Cabo Verde

OIM: formação profissional em Cabo Verde

A Organização Internacional para Migrações, OIM, está a apoiar um projecto de regresso de técnicos caboverdianos na diáspora a Cabo Verde para participarem em acções de formação de quadros locais; programa é financiado pela Comissão Europeia e pelo Instituto Português da Cooperação.

Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Técnicos caboverdianos que vivem em Portugal, Itália e Holanda vão poder regressar a Cabo Verde para digirirem cursos de curta duração para quadros locais, nas áreas da saúde, educação, turismo e infraestruturas.

O projecto, no valor de cerca de US$ 1 milhão, é promovido pelo Instituto das Comunidades de Cabo Verde e financiado pela Comissão Europeia e pelo Instituto Português da Cooperação.

Diáspora

A vice-directora da OIM em Portugal, Marta Bronzin, disse à Rádio ONU, de Lisboa, que o principal objectivo do programa é facilitar a mobilidade de técnicos na diáspora na capacitação de Cabo Verde.

"É um projecto que procura promover as ligações entre profissionais na diáspora nos três países que participam, que são Portugal, Itália e Holanda, e o país de origem e em particular promover a mobilidade dos profissionais da diáspora para o processo de capacitação no país. Não é um projecto que se foca no retorno. O objectivo é facilitar a mobilidade" afirmou.

Zeuga Semedo, uma caboverdiana formada em gestão de recursos humanos, vai dirigir uma das primeiras missões de formação, no quadro do projecto. Na segunda-feira, dia 27, ela inicia um curso de três semanas para trabalhadores do Hospital Baptista de Sousa, na ilha de São Vicente.

Encorajadora

Ela disse à Rádio ONU, da cidade da Praia, que a iniciativa poderá incentivar muitos profissionais caboverdianos no estrangeiro a regressar definitivamente ao seu país.

"Penso que é um projecto interessante porque até certo ponto contribui para incentivar quadros caboverdianos que estão no exterior a regressarem para Cabo Verde. Também é uma forma de contribuir para que alguns quadros voltem e se fixem aqui em Cabo Verde" disse.

Marta Bronzin disse que a resposta dos técnicos caboverdianos nos très países europeus abrangidos pelo progroma tem sido encorajadora.

"No total temos mais de 130 candidaturas, incluindo os perfis deixados por profissionais na nossa base de dados. Tendo em conta que o orçamento só permite o máximo de 30 missões, 10 por país, a resposta ao projecto foi muito encorajadora" afirmou.

Mas apesar do número elevado de candidaturas, muitos caboverdianos ainda desconhecem o projecto. Zeuga Semedo disse que o programa deveria ter uma maior divulgação no seio da comunidade e apresenta algumas sugestões.

Parceria

"A divulação poderia ser feita através de um trabalho em parceria com as embaixadas estabelecidas nos vários países abrangidos pelo projecto. Também com as faculdades nesses países. Uma outra solução seria aproveitar a realização das várias feiras de emprego para publicitar o projecto" referiu.

Marta Bronzin disse à Rádio ONU que a OIM só faz a pré-selecção dos candidatos. A escolha final é feita pelas entidades locais beneficiárias. O plano de formação é também ultimado entre o formador e as instituições locais.

"Tem uma fase de preparação da missão que é articulada entre nós, os nossos colegas em Cabo Verde e as entidades beneficiárias. Uma vez que a pessoa é selecionada envia o CV às entidades locais que fazem a selecção final. Nós só fazemos uma pré-selecção. Logo após a selecção final, a entidade local contacta directamente o formador e juntos constroem um plano de formação. Nós temos um modelo de plano de formação mas os objectivos específicos do curso são ultimados entre a entidade local e o formador".

Objetivo

Se a curto prazo, o projecto da OIM vai concentrar-se na transferência de conhecimentos dos profissionais da diáspora para os quadros locais, a médio e longo prazo o programa poderá incentivar muitos caboverdianos que trabalham no estrangeiro a regressar ao seu país. Zeuga Semedo já tomou a decisão de voltar de vez para o país que a viu nascer.

"Penso regressar a Cabo Verde definitivamente daqui a um máximo de seis meses. Era uma ideia que já vinha alimentando antes da minha participação neste projecto. Mas com este programa fiquei mais incentivada para concretizar este objectivo."

O primeiro curso de formação ao abrigo do projecto da Organização Internacional para Migrações, na área de tecnologia de comunicação, teve início na cidade da Praia esta semana. A acção a ser dirigida por Zeuga Semedo está marcada para começar na segunda-feira, dia 27, na ilha de São Vicente. Segundo uma nota da OIM, os restantes 28 cursos de formação vão ocorrer nos próximos meses.