Relatores alertam para risco de fome no Zimbabué
Mais de 5 milhões de zimbabueanos podem ser afectados caso crise continue a agravar-se por causa da cólera.
João Rosário, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Um grupo de quatro relatores independentes da ONU sobre Direitos Humanos afirmou que o governo do Zimbabué e a comunidade internacional precisam fazer mais para combater a cólera no país.
O relator especial da ONU para o Direito à Alimentação, Olivier de Schutter, informou que 5,5 milhões de zimbabueanos correm risco de fome, uma vez que não há reservas suficientes após a redução da produção agrícola.
Motivo
O grupo diz que é preciso recuperar o sistema de saúde, terminar com a cólera e assegurar alimentos para toda a população.
A relatora especial da ONU para Água e Saneamento, Catarina Albuquerque, explicou à Rádio ONU, a partir de Lisboa, o motivo do alerta.
“A situação da saúde está a piorar com o encerramento de hospitais, com a falta de equipamentos, medicamentos, pessoal médico etc, como também pelo facto de haver 5,5 milhões de pessoas que têm necessidade de assistência alimentar. Cerca de 45% da população do Zimbabué está subnutrida. O sistema de saneamento está bloqueado, as pessoas não têm acesso à água potével. Têm acesso à água em poços feitos nos seus jardins. O problema é que essa água está infectada pelos dejectos que saem do sistema de saneamento básico que não funciona. A água está contaminada”, declarou.
Colapso
O relator especial da ONU do Direito à Saúde, Anand Grover, disse que o sistema de saúde do Zimbabué colapsou e que não permite controlar a cólera, que se está a disseminar por todo o país.
Por seu lado, a relatora especial para a situação dos Direitos Humanos, Margaret Sekaggya, revela que a crise é completada por casos de uso indevido da força pelas autoridades, em resposta a manifestações pacíficas e pelos recentes desaparecimentos de defensores de direitos humanos.