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Saneamento é um direito humano, diz relatora da ONU

Saneamento é um direito humano, diz relatora da ONU

Saneamento é a área de desenvolvimento que produz mais retornos: US$ 9 por cada dólar investido, segundo a relatora independente da ONU, Catarina de Albuquerque.

Carlos Araújo, da Rádio ONU em Nova Iorque.

O acesso ao saneamento básico é uma questão de direitos humanos e de dignidade humana, disse a relatora independente da ONU para o direito à água e saneamento, Catarina de Albuquerque.

Num comunicado emitido em Genebra, ela salientou que existem provas esmagadoras de que o saneamento é a área de desenvolvimento que produz mais retornos: cerca de 9 dólares por cada dólar investido.

Assunto Tabu

Contudo, o direito à água e saneamento é uma das metas de desenvolvimento do milénio mais ignoradas. Catarina de Albuquerque explicou algumas das razões.

“O tema do saneamento básico é um tema relativamente ao qual há hesitações e há um certo tabu e um certo desconforto. E eu acho que é por isso que não se fala nele. Vou-lhe dar um exemplo: nós conseguimos encontrar fotografias e filmes de chefes de estado, chefes de governo, membros das casas reais ao pé de fontes que deitam água. Eu nunca vi nenhuma fotografia de nenhuma dessas pessoas ao lado de uma retrete”.

Direito à Saúde

O relatório realça que o saneamento foi considerado o avanço médico mais importante desde 1840, ultrapassando a vacina, antibióticos e anestesia.

“O acesso ao saneamento é essencial para as pessoas viverem com dignidade. Mas 40% da população mundial continua a não ter acesso ao saneamento básico”, disse ainda Catarina de Albuquerque.

A relatora independente da ONU, de nacionalidade portuguesa, afirma que a falta de saneamento tem um impacto forte sobre o direito à saúde: cerca de 5 mil crianças morrem diariamente de diarreia na África sub-Saariana.