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Reconciliação Indígena

Reconciliação Indígena

Líder Xucuru afirma que, apesar dos avanços, o preconceito com relação aos povos indígenas ainda é grande.

Samantha Barthelemy, Rádio ONU em Nova York.

A Organização das Nações Unidas comemorou, nesta sexta-feira, o Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado todo 9 de agosto.

Esta foi a primeira primeira vez que a data foi marcada depois da adoção da Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas, aprovada em 2007, pela Assembléia Geral das Nações Unidas.

O envento, na sede da ONU, em Nova York, teve como foco os esforços de reconciliação entre os povos indígenas e seus países.

Segundo o Fórum Permanente das Nações Unidas para Assuntos Indígenas, o processo de reconciliação é trabalhado de várias formas, mas geralmente inclui o reconhecimento de injustiças cometidas no passado.

Progresso

O coordenador da Segunda Década Internacional dos Povos Indígenas, Sha Zukang, afirmou que a declaração é uma manifestação de reconciliação. Segundo ele, este ano, já houve medidas concretas para reconciliação em vários países.

Um dos exemplos mais recentes foi o pedido de desculpa feito pelo governo australiano às “Gerações Roubadas” e suas famílias, em fevereiro deste ano, pela política de remoção forçada de crianças indígenas.

Líder Xucuru

Em visita as Nações Unidas, Marcos Luidson de Aráujo, líder do povo Xucuru, no agreste de Pernambuco, disse à Rádio ONU que, apesar de todos os esforços e avanços com relação a situação dos povos indígenas, ainda há muitos desafios para serem vencidos.

“A questão dos direitos. Os direitos que temos garantidos pela Constituição e que muitas vezes não chegam a nossa comunidade. Por exemplo, a questão da demora na demarcação do território. Isso causou ao nosso povo uma violência imensa. Principalmente os assassinatos que ocorreram nesta trajetória de luta pela reconquista do nosso território," disse.

Violência

O cacique Marcos assumiu a liderança da comunidade Xucuru, de mais de 10 mil pessoas, com apenas 21 anos, logo após o assassinato do pai, cacique Chicão.

Segundo o cacique Marcos, a violência contínua representa um dos maiores desafios às comunidades indígenas.

Após ter sofrido ameaças e uma tentativa de assassinato, o líder Xucuru passou a andar com dois seguranças particulares.

Conselheiro

De acordo com o líder Xucuru, o cacicado representa, além da tradição, uma série de responsabilidades. Ele conta que exerce diversas funções dentro da sua comunidade, que variam de líder político a conselheiro em questões familiares.

“Por exemplo, um caso que acontece, quando a mulher briga com o esposo, e querem se separar, então eles vão para a minha casa, para eu poder dar conselho e tentar harmonizar a família, para que não haja separação. E quando há separação, nós temos que ver como vão ficar os dois lados,” disse.

Esperança

O líder indígena afirma que a falta de informação é responsável por grande parte do preconceito sofrido pelos indíos no Brasil.

O povo Xucuru tem mais de 10 mil pessoas vivendo em 24 aldeias.

Acompanhe a entrevista do cacique Marcos, líder do povo Xucuru, na íntegra. Ele foi acompanhado da pesquisadora do MIT, Ilma Paixão.