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Chissano optimista com cessar-fogo no Uganda

Chissano optimista com cessar-fogo no Uganda

O enviado especial de Ban Ki-moon ao norte do Uganda, Joaquim Chissano (foto), diz que negociações estão avançando.

Por Jorge Soares, da Rádio ONU em Nova York.

O enviado do Secretário-Geral da ONU para as áreas afectadas pelo Exército de Libertação do Senhor norte do Uganda, LRA (sigla em inglês), Joaquim Chissano, afirmou, numa entrevista exclusiva à Rádio ONU, que o processo de paz no país está num bom caminho.

Chissano acredita que até 31 de Dezembro as partes estarão em condições de assinar o cessar-fogo.

O ex-presidente de Moçambique, Joaquim Chissano, participou nesta terça-feira numa sessão do Conselho de Segurança que analisou a evolução das conversações de paz no Uganda e a situação nos Grandes Lagos.

Segundo ele, após a renovação e extensão das tréguas entre o governo do país e o LRA, foram assinados acordos de princípio sobre as causas dos conflitos e suas possíveis soluções.

A trégua, por um ano, foi assinada em Agosto de 2006.

Ele disse que tanto as autoridades de Kampala como os governos dos países vizinhos não vão aceitar “manobras” para atrasar o acordo.

"Se se notar que há uma tendência de ganhar tempo e mudar o rumo do diálogo para aspectos negativos então aí, certamente que, o governo de Uganda, da República Democrática do Congo e mesmo o governo do Sudão não vão tolerar que isto aconteça, então vão tomar medidas coercivas para que se ponha fim a esta manobra delatória", contou.

O ex-presidente moçambicano defende que é importante criar condições para prevenir futuros conflitos.

Entre as medidas ele destaca a reconstrução da região afectada pela guerra.

"Por outro lado, já começou o processo da reconstrução e recuperação económica nestas zonas, que ficaram muitos anos sem sentir, sem experimentar o desenvolvimento que as outras partes de Uganda experimentaram. Há um programa específico, e até um ministério específico, para a recuperação do norte de Uganda", disse.

Joaquim Chissano se referiu ainda a uma visita que uma delegação das forças rebeldes realizou à capital do país na primeira semana deste mês para se reunir com membros do governo do país.

Foi a primeira vez em 20 anos que os insurgentes foram à capital.

Segundo as Nações Unidas, desde 1986, o conflito que afecta igualmente os países vizinhos do Sudão e da República Democrática do Congo, já causou a morte de milhares de civis e obrigou mais de 1 milhão e meio de pessoas a deixar suas casas.