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Luta por reconhecimento

Luta por reconhecimento

Uma família tailandesa de indígenas Akha (foto) falou sobre a dificuldade de transmitir sua cultura de maneira livre no norte da Tailândia. Segundo eles, dezenas de milhares de indígenas Akha não possuem sequer documento de identidade.

A Rádio ONU conversou com uma familia indígena da tribo Akha. A mãe, Michu, tem quatro filhos e é casada com um ex-executivo americano, que hoje viaja pelo mundo atuando como defensor dos direitos dos Akha.

Mathew Daniel disse à Rádio ONU que embora tenham nascido no país, os Akha não são reconhecidos como verdadeiros tailandeses. Daniel diz que dos 70 mil indígenas desta tribo apenas 20 mil têm carteira de identidade.

Daniel afirmou que as plantações de arroz dos Akha estariam sendo confiscadas. E algumas pessoas estão tendo seus direitos violados e até sendo mortas nas tribos.

Mathew Daniel conheceu a luta dos índios Akha há alguns anos durante uma viagem à Tailândia a negócios.

A partir daí, ele deixou o comércio de lado para se dedicar à causa.

O ex-executivo acabou se casando com a indígena Michu e teve quatro filhos com idade atualmente entre 1 a 7 anos. As crianças hoje falam akha e não dominam a língua do pai: o inglês.

Daniel disse que seus filhos são Akha e não ingleses ou americanos. E por isso ele não quer que eles falem nada mais que akha. O pai disse que elas só deverão aprender o inglês quando souberem escrever e falar Akha.

A Rádio ONU perguntou a Michu, como é mergulhar numa cultura completamente diferente da sua e numa cidade que funciona 24 horas como Nova York.

Ela disse que veio para a ONU para apresentar sua causa no Fórum Indígena com muita ansiedade. E contou que não sabia o que esperar do encontro. Michu descreveu um sentimento de altos e baixos durante o evento. E disse que não tinha nenhuma idéia de como seria o fórum porque na sociedade dela nada é garantido.

Michu também contou que criar quatro filhos num ambiente de repressão da sua própria cultura é um desafio.

Ela disse que acha tudo muito difícil, e que às vezes precisa de ajuda externa para preservar a própria cultura. Segundo ela, alguns missionários tentam influenciar as crianças no norte da Tailândia a abraçar uma cultura cristã.

O marido de Michu disse que os Akha professam uma filosofia de vida que valoriza o meio ambiente, e que segundo ele é muito complicada de explicar. Daniel diz que a maior preocupação dos Akha é se há o suficiente para se alimentar.

Para Michu, no entanto, o mais importate é o futuro dos filhos criados dentro da cultura Akha.

Ela afirma que também se preocupa com o marido, pois se ele morrer, sozinha, ela não terá como criar as quatro crianças.

Michu também contou que irá aprender inglês para sobreviver e que espera ensinar os quatro filhos a sua cultura e sonha que eles cresçam e se tranformem em ativistas dos direitos humanos para continuar lutando pela existência dos Akha na Tailândia.