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Seis jornalistas mortos em África em 2005

Seis jornalistas mortos em África em 2005

O ano 2005 foi o mais mortífero da última década para os jornalistas, com 63 mortos, seis dos quais em África, incida o relatório de Repórteres Sem Fronteira (RSF).

Um total de nove países africanos, em particular a Eritreia e a Etiópia, constam da lista dos Estados onde os jornalistas foram presos no ano passado.

O documento nota contudo alguns progressos no domínio da informação como a adopção de leis da imprensa mais favoráveis, em particular nalguns países africanos.

Em Angola, a nova legislação representa um avanço importante, segundo Maria Luísa Rogério, secretária-geral do Sindicato de Jornalistas Angolanos.

"Relativamente ao fim do monopólio estatal, para nós sindicato representa, por um lado, uma maior abertura, um maior pluralismo já que dará oportunidade para a existência legal de novos órgãos. Por outro lado, vai traduzir-se em mais empregos para jornalistas, maior diversidade e um contributo grande àquilo que entendemos ser a liberdade de imprensa", indicou.

Maria Luísa falou igualmente da vertente social dos órgãos de informação angolanos.

"Resultado da situação que nós angolanos vivemos, ou seja, uma guerra que durou quase 40 anos, a imprensa angolana é ainda muito marcada pelo aspecto político. A componente política ainda domina as grandes manchetes Mas paulatinamente a situação vai mudando. Começa-se a dar mais enfâse ao aspecto social. Isto tem uma grande relevância num país com elevado índice de analfabetismo, isto é mais de 70% da população", explicou a dirigente sindical.

Na Guiné-Bissau, este papel social é sobretudo desempenhado pelas rádios comunitárias que apareceram em 1994, segundo Ladislau Robalo, coordenador da ONG Informotrac.

"O projecto se iniciou em 1994 com a rádio Voz de Quélélé. Emergiu, digamos assim, como uma rádio pirata. No mesmo ano, Bissau foi assolado por um surto de cólera e o então ministro da Saúde ordenou que a rádio emitisse mensagens bem orientadas para as camadas mais desfavorecidas e mais vulneráveis a fim de sensibilizá-las na mudança de atitudes e foi o que a rádio fez na altura", lembra o coordenador.

Segundo Robalo, perto de 700 mil ouvintes acompanham os programas emitidos por essas rádios.

"Abordam sobretudo programas de âmbito social que falam de reprodução feminina, da prática nefasta da excisão feminina, da saúde, do ensino, do meio ambiente, problemas sociais, problemas da comunidade a valorização da tradição oral", acrescentou Robalo.