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Diminui número de refugiados mas aumenta fluxo de deslocados internos, segundo Acnur

Diminui número de refugiados mas aumenta fluxo de deslocados internos, segundo Acnur

O número actual de refugiados em África e no mundo é o mais baixo em 25 anos enquanto que o fluxo de deslocados internos tem aumentado, alerta o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

Segundo esta agência das Nações Unidas, a diminuição se deve ao regresso dos refugiados a países como a Serra Leoa e Angola.

O regresso dos refugiados angolanos enquadra-se num programa do Acnur que deve ser concluído este ano, segundo José Saramiego, encarregado de programas desta agência em Angola.

«O processo de retorno, num contexto organizado, terminou oficialmente em Dezembro de 2005. Aproximadamente 360 mil refugiados retornaram ao país, o que representa 80% do total que estavam nos campos. Para 2006, o Acnur reuniu-se com as autoridades de Angola e Zâmbia, onde há ainda pelo menos 20 mil refugiados angolanos, e está-se a elaborar um plano excepcional para apoiá-los no processo de retorno», afirmou.

O relatório do Acnur nota ainda que a instabilidade em alguns países como a República Democrática do Congo ou o Sudão provocou o aparecimento de deslocados internos, um "novo desafio" para a agência.

Por decisão das Nações Unidas, o Acnur passa agora a ter responsabilidade pela protecção de deslocados internos, o que não acontecia até então.

«É um trabalho diferente. Os refugiados não podem recorrer à protecção nacional. Eles estão sob protecção internacional, em coordenação com o Acnur. No caso dos deslocados internos, são pessoas que estão ainda sob a protecção do país e o papel da comunidade internacional é ajudar na procura de soluções para o retorno à região de origem e uma integração sustentável. A grande diferença entre os refugiados e os deslocados internos relaciona-se com esta questão da protecção», acrescentou Saramiego.