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Seropositivos são discriminados no local de trabalho

Seropositivos são discriminados no local de trabalho

Cerca de dois milhões de pessoas são excluídas do mundo do trabalho por serem portadoras do vírus da Sida e este número poderá duplicar até 2015, denunciou a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Numa mensagem alusiva ao Dia Internacional para a Segurança e Saúde no Trabalho, que este ano versa a Sida no meio laboral, Somavia apela à protecção dos trabalhadores contra a doença assim como o apoio aos seropositivos.

A protecção contra a pandemia, que afecta particularmente a África Subsaariana, é também um dos temas das jornadas sobre a segurança no local de trabalho organizado em Luanda pelo Governo angolano e o ONU/Sida, segundo o seu coordenador Alberto Estela.

"Há toda uma parte que é dedicada ao trabalho e segurança: como se defender do HIV/Sida, uma reflexão sobre a doença no trabalho, numa visão tripartita, ou seja, o empregador, o empregado e o Governo", explicou Estela.

A legislação angolana tomou uma série de disposições para prevenir a violação dos direitos dos trabalhadores portadores do HIV/Sida.

"A lei prevê multas e um mecanismo para o restabelecimento dos direitos da pessoa que foi lesada. Quando há um despedimento injustificado e provavelmente relacionado com o facto da pessoa ser seropositiva, segue-se um processo de investigação que pode conduzir ao tribunal para que os seus direitos sejam restabelecidos", acrescentou o coordenador do ONU/Sida em Angola.

Os casos de discriminação são raros mas existem, segundo a funcionária e presidente da Associação Luta pela Vida, Inês Gaspar, que recorda a reacção dos colegas quando foi conhecida a sua seropositividade.

"Uma boa parte reagiu muito mal ao passo que um pequeno grupo reagiu positivamente. Uma dessas pessoas está ao lado de mim e tem sido de um grande apoio. As que reagiram mal afastaram-se de mim mas aos poucos as coisas foram melhorando. Impliquei-me pessoalmente e procurei melhorar a informação, e as pessoas foram aproximando. Muitas tinham deixado de comer o que eu levava mas hoje voltaram a partilhar aquilo que como. Isso mostra que as coisas vão melhorando", disse.

É contra este tipo de preconceitos que a associação presidida por Inês tem lutado, através de acções de sensibilização.

"Muitas pessoas viveram ou continuam a viver essa situação no local de trabalho. Nem conseguem falar sobre o assunto. Quando somos informados sobre um caso destes, procuramos o empregador ou a instituição e lá vamos organizar palestras sobre o estigma e a discriminação. Mostramos como é possível as pessoas conviverem e temos conseguido bons resultados. Mas há colegas da associação que ainda não querem que a gente faça isso. Deixamos isso ao seu critério", concluiu Gaspar.