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Na Assembleia Geral, Timor Leste pede atenção ao nexo entre clima e segurança

Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, discursa no debate geral da 78ª sessão da Assembleia Geral
ONU/Cia Pak
Presidente de Timor-Leste, José Ramos-Horta, discursa no debate geral da 78ª sessão da Assembleia Geral

Na Assembleia Geral, Timor Leste pede atenção ao nexo entre clima e segurança

Assuntos da ONU

Presidente da nação asiática, José Ramos-Horta, fez um balanço dos 20 anos de democracia no país, citando melhora de indicadores sociais, mas também desafios que ainda persistem, como a pobreza e insegurança alimentar; ele defendeu uma transição energética que considere necessidades de nações frágeis. 

No terceiro dia de debates de Alto Nível na Assembleia Geral da ONU, Timor-Leste compartilhou avanços e desafios na melhora de indicadores econômicos e sociais desde a independência do país em 2002. 

Ao discursar na tribuna da Assembleia Geral da ONU nesta quinta-feira, o presidente José Ramos-Horta disse que a democracia timorense “tem evoluído viva e dinâmica.”

Íntegra do discurso de Timor-Leste

Principais prioridades

Ele classificou a nação como “multicultural, multireligiosa, multilíngue e multiétnica.” No entanto, o presidente citou desafios relacionados à pobreza e destacou as prioridades para os próximos cinco anos.

“Apesar de uma diminuição significativa da pobreza, a pobreza multidimensional é ainda elevada, situando-se nos 45,8%, e é ainda mais elevada entre crianças. Tirar o nosso povo da pobreza extrema, da insegurança alimentar, da mortalidade neonatal, do raquitismo, da subnutrição infantil, da prestação de cuidados às crianças e as mães são alguns dos desafios que estamos determinados a enfrentar de frente nos próximos cinco anos. Por esta razão, a desnutrição infantil e o acesso ao ensino pré-escolar são duas das nossas principais prioridades.”

Ramos-Horta informou que o país irá implementar uma política intersetorial de desenvolvimento da primeira infância em colaboração com o Fundo das Nações Unidas para Infância, Unicef. 

Desafios e progressos

Ele reconheceu também que Timor-Leste tem “uma incidência elevada e inaceitável de violência doméstica.” 

Para enfrentar o problema, o presidente timorense disse que o país está “dando passos significativos” na adoção de quadros legais alinhados com recomendações internacionais para igualdade de gênero e empoderamento das mulheres.

Em relação aos avanços alcançados nos últimos 20 anos, Ramos-Horta mencionou o aumento da expectativa de vida e ampliação de serviços que beneficiam a população.  

“Nos 20 anos que decorreram desde a independência e dos 10 anos desde que solicitamos formalmente adesão a Asean, a maior parte dos indicadores econômicos e sociais revelam progressos significativos, nomeadamente de esperança de vida, que era inferior a 60 anos em 2002 e agora é de 70 anos. A redução da pobreza e da mortalidade infantil. 21 médicos em 2002 e agora mais de 1.200. Em 2002 a eletricidade cobria parcialmente a capital, enquanto o resto do país não tinha esse privilégio. Atualmente cobre 96,1% do território.” 

Para Timor-Leste, “fala-se-muito, mas pouco se faz” contra a pobreza

Nexo entre clima e segurança

Ele expressou gratidão aos líderes do bloco de países do sudeste asiático, Asean, de conceder status de observador para Timor Leste. 

O líder timorense afirmou que a nação asiática não depende de ajuda externa, pois financia o próprio orçamento nacional com recursos de um fundo soberano. 

Ele disse que o mundo precisa de um novo olhar sobre o nexo entre clima e segurança, para lidar com os efeitos da mudança climática e da degradação ambiental na paz e segurança. 

Segundo Ramos-Horta, o objetivo dessa abordagem deve ser o de “garantir que a transição energética não piore a situação de segurança em países vulneráveis e frágeis.”

Ele propôs uma iniciativa para “acelerar a transição energética justa em países em desenvolvimento frágeis, que dependem fortemente da produção de petróleo e gás, para prevenir turbulências e agitações.”