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Mais de 100 teriam morrido em ação de exército contra milícias na RD Congo

Mais de 100 teriam morrido em ação de exército contra milícias na RD Congo

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ONU quer investigação completa e independente dos cinco dias de violência; pelo menos 39 mulheres estariam entre os mortos em Kasai Central; Escritório quer fim da violência e do recrutamento de crianças.

Eleutério Guevane, da ONU News em Nova Iorque

O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas procura verificar relatos de que soldados na República Democrática do Congo teriam matado pelo menos 101 pessoas em cinco dias na província de Kasai Central.

Os confrontos com os membros da milícia Kamuina Nsapu ocorreram entre quinta e segunda-feira no território de Dibay. Os elementos são leais a um chefe local com o mesmo nome, que foi morto pelo exército em agosto passado.

Investigação

Uma nota emitida esta terça-feira, em Genebra, destaca que grande parte da violência teria ocorrido no interior e nos arredores da aldeia de Tshimbulu. O apelo do escritório é que haja uma investigação completa e independente à ação.

De acordo com vários relatos,  membros das Forças Armadas congolesas teriam aberto fogo indiscriminadamente quando se aperceberem que as milícias estavam munidas de facões e lanças. Entre os mortos estão pelo menos 39 mulheres apanhadas no fogo.

O Escritório revela profunda preocupação com o número elevado de vítimas que, se confirmadas, sugerem o uso excessivo e desproporcional da força pelos soldados. A medida é condenada no comunicado.

O apelo às tropas é que respeitarem as normas nacionais e internacionais de direitos humanos.

Uso da Força

O comunicado destaca que devem ser obedecidas as restrições sobre o uso da força e que isso ocorra “quando necessário e de forma proporcional à ameaça, minimizando danos, prejuízos e com respeito e preservação das vidas humanas”. Aos comandantes militares congoleses, o pedido é que reforcem a mensagem para as suas tropas.

A nota condena o recrutamento de crianças para as fileiras da milícia e o facto de “símbolos e instituições estatais, edifícios governamentais ou igrejas” serem tomados como seus alvos.

O Escritório disse que está a documentar as atrocidades cometidas por ambas as partes desde agosto, e ofereceu apoio às autoridades para “apurar as graves violações dos direitos humanos e os abusos cometidos pelas partes do conflito”.

Devido à onda de violência, o Escritório reitera o seu apelo por “mais esforços para encontrar soluções duradouras para os confrontos com líderes tradicionais na província de Kasai Central”.

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Photo Credit
Escritório do alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, em Genebra. Foto: ONU/Jean-Marc Ferre (arquivo)