ONU quer que Nigéria proteja civis em combates do país ao Boko Haram
Relator sobre Deslocados Internos, Chaloka Beyani, disse que a comunidade internacional também deve ajudar a produzir medidas humanitárias urgentes para salvar a vida de centenas de milhares de pessoas no nordeste do país africano.
Monica Grayley, da Rádio ONU em Nova Iorque.
Um relator das Nações Unidas pediu à Nigéria e à comunidade internacional para tomar medidas urgentes de ajuda humanitária a centenas de milhares de pessoas no nordeste do país.
Em comunicado, o relator para deslocados internos, Chaloka Beyani, afirmou que a crise está a se expandir à medida que os civis, incluindo crianças, saem das novas áreas liberadas na repressão da Nigéria ao movimento terrorista islámico Boko Haram.
Família
O relator encerrou uma visita de quatro dias à Nigéria, onde conferiu de perto a situação de horror causada pelo movimento terrorista. O governo nigeriano iniciou uma campanha de combate ao grupo islamita, o que segundo Beyani já aponta para uma crise severa.
Ele afirmou que os civis estão malnutridos e sob trauma profundo. Eles foram apanhados em meio a um fogo cruzado que fez com que perdessem suas casas, sua existência e frequentemente até mesmo membros da própria família.
Os combates entre tropas do governo e os terroristas islámicos já obrigaram 2,5 milhões de pessoas a deixar suas casas.
Acampamentos
Para Chaloka Beyani, o governo tem que agir rapidamente para garantir alimentos, abrigo, assistência médica, água, saneamento e outros serviços básicos.
A maioria dos deslocados internos vive fora dos acampamentos e quase não recebe ajuda.
O relator especial da ONU visitou campos na área de Maiduguri e disse que faltam comida e cuidados médicos. As pessoas afetadas também precisam de assistência psicológica.
As agências humanitárias quase não têm acesso a várias zonas por causa da insegurança, e muitas tem sido alvejadas pelo Boko Haram.
Estigmas
O relator também se mostrou alarmado com notícias de que mulheres e meninas estão a ser pressionadas por sexo para obter comida ou serem autorizadas a deixar os campos.
Já foram notificados vários casos de gravidez precoce e de casamentos forçados, mas muitos ainda têm medo de reportar os incidentes com receio de estigmas.
O relator agradeceu ao governo da Nigéria e ao estado de Borno pela visita e cooperação, e informou que apresentará seu relatório sobre o tema ao Conselho de Direitos Humanos em junho do próximo ano.