Perspectiva Global Reportagens Humanas

Arranca transferência de moçambicanos em busca de asilo no Malaui

Arranca transferência de moçambicanos em busca de asilo no Malaui

Baixar

Acnur apoia operação que envolve milhares de pessoas; agência da ONU cita recém-chegados que falam de aumento da presença militar ao longo da fronteira entre os dois países.

Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.

Começou esta sexta-feira a transferência que envolve mais de 10 mil moçambicanos em busca de asilo no Malaui. O destino é o acampamento de Luwani, a sudeste do país.

Uma nota do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, revela que o objetivo da operação é melhorar as condições de vida do grupo.

Trânsito

As primeiras 81 pessoas deixaram o distrito de Nsanje para fazer uma viagem de autocarro de 32 km. Os transferidos devem receber um lote de terra, alimentos, materiais de abrigo e utensílios domésticos, após passarem por um centro de trânsito.

Em março, o Malaui chegou a registar a entrada diária de até 250 moçambicanos. O Acnur disse que o movimento iniciou em dezembro passado e está a descer de forma significativa.

A agência cita declarações de recém-chegados que dizem optar por "rotas alternativas" para chegar ao Malaui devido ao aumento da presença militar ao longo da fronteira. O apelo a todas as partes interessadas é que respeitem o direito de requerer asilo.

Acampamento

No mês passado, o Governo do Malaui autorizou a movimentação dos moçambicanos para um antigo acampamento de refugiados da guerra civil em Moçambique que terminou em 1992. O local foi encerrado em 2007.

Neste momento, a maioria dos moçambicanos vive em condições de superlotação na aldeia malauiana de Kapise, a cerca de 100 km a sul da capital Lilongwe.

Movimentação

De acordo com o Acnur, a área situada próxima da fronteira com Moçambique é assolada por fortes chuvas que tornam as estradas intransitáveis.

Com a melhoria das condições, espera-se que as transferências de Kapise iniciem na próxima semana. A seguir será feita a movimentação de candidatos a asilo que vivem em Ckiwawa, perto de Kapise.

O Acnur defende que os transferidos terão melhores instalações e serviços como  saúde, educação, água e proteção. O grupo deverá envolver-se em atividades de autosuficiência que incluem a agricultura, na área com 160 hectares.

A movimentação faseada deve durar entre seis e oito semanas. A agência das Nações Unidas está a oferecer apoio logístico à operação de transferência juntamente com a Organização Internacional para Migrações, OIM.

Leia Mais:

Número de refugiados moçambicanos sobe e Malaui deve reabrir campo

Mais moçambicanos fogem para o Malaui em busca de asilo após confrontos

Photo Credit
Moçambicanos no Malaui. Foto: Acnur/V.Selin